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terça-feira, 6 de novembro de 2012

JONAS – E AS LIÇÕES DA MISERICÓRDIA DIVINA (parte 1).

LIÇÃO N° 6 da EBD:


JONAS – E AS LIÇÕES DA MISERICÓRDIA DIVINA (parte 1)

É de conhecimento de toda pessoa que foi aluna de Escola Bíblica Dominical, a história do profeta Jonas, cujo nome significa pombo, ou pomba. Chamado por Deus a fim de clamar contra a ímpia Nínive (Jn 1. 2), em função da maldade da mesma, o profeta foge da presença do Senhor. Ele “desce” até Jope, e lá pega um Navio cujo destino é Társis (Jn 1. 3).
No meio da viagem ocorre um temporal de tal magnitude que espanta mesmo os marinheiros experientes. Um outro fator a ser observado é a percepção dos mesmos quanto as possíveis causas do fenômeno em si. Ao perceberem que a tormenta é de origem sobrtenatural, cada um começa a invocar a Deus. É quando Jonas é acordado por um deles e exortado a invocar o seu Deus.
É neste momento que o personagem reconhece que a tempestade foi causada por sua rebeldia, e pede aos marinheiros que o lancem no mar. É quando vem um grande peixe e o engole. Ali no ventre do grande peixe, o nosso personagem invoca ao Senhor na forma de um Salmo e este fala ao grande peixe que o vomita na praia.
Novamente o profeta recebe a ordem de Deus para pregar contra Nínive a mensagem do Senhor soberano e ele o faz com extrema velocidade. Aqui precisamos considerar que o texto nos informa que Nínive era uma cidade cuja extensão era de três dias de caminhada, que Jonas faz em um.
Após realizar sua missão, o profeta já descontente com o arrependimento dos moradores da cidade se assenta á sombra de uma árvore e aguarda a destruição da cidade. Como esta não ocorre, ele fica desgostoso e Deus lhe dá uma grande lição. Se temos dó de coisas que nada fizemos para que elas existissem, porque não teríamos dó de uma cidade constituída de moradores que não discernem entre a mão direita e a esquerda.

PROBLEMAS E RESPOSTAS

O livro apresenta problemas de diversas ordens. O primeiro é referente ao estilo literário. A primeira disputa é se o livro em apreço é uma narrativa biográfica, ou se uma lenda, ou se uma novela. O que se sabe é que ele não se enquadra bem no gênero do profetismo, uma vez que o mesmo não se trata de uma coletânea de oráculos, mas de uma narrativa meta histórica, conforme vimos supra.
O segundo é hermenêutico, e refere-se aos pressupostos que devem ser usados quanto á interpretação do mesmo. Assumir que os sinais descritos no mesmo não seguem o mesmo estilo das narrativas do ciclo de Elias e Eliseu é uma coisa, mas afirmar que tais milagres são impossíveis de acontecer, nada tem a ver com teologia, nem com racionalidade. Mas com a adoção de uma cosmovisão que postula a impossibilidade de qualquer intervenção supranatural na realidade.
Charles Dake destaca em sua Bíblia de Estudo destaca os seguintes sinais:
1.      Um grande vento e uma tempestade muito forte (Jn 1. 4). O mais interessante aqui é a expressão: O Senhor, porém, fez soprar um forte vento sobre o mar (NVI). Ela indica o domínio de Deus sobre toda a natureza. O vento lhe obedece para executar juízo contra o profeta desobediente.
2.      Ao lançarem Jonas no mar, o mesmo se aquietou.
3.      O Senhor fez com que um grande peixe engolisse Jonas (Jn 1. 17). Afinal de contas era grande peixe, ou baleia? O termo que aparece aqui é  דָג(dagh), não é específico para Baleia, mas abrange todas as espécies de peixe.
4.      O mesmo Deus preservou Jonas no ventre do monstro marinho, visto que ele ficou dentro do peixe três dias e três noites (Jn 1. 17).
5.      E o Senhor deu ordens ao peixe, e ele vomitou Jonas em terra firme (Jn 2. 10 NVI). Perceba que toda ação é controlada pelo próprio Deus.
6.      O milagre da graça. a) A atenção que o povo deu a mensagem de Jonas, que se concretizou em conversão, por parte do povo. b) E a resposta compassiva do Senhor em revogar o mal que se abateria sobre a nação pecadora (Jn 3. 6 – 10; 4. 11).
7.      A preparação de uma aboboreira. O Senhor Deus fez crescer uma planta sobre Jonas, para dar sombra à sua cabeça e livrá-lo do calor, e Jonas ficou muito alegre (Jn 4. 6 NVI).
8.      A preparação de um verme para atacar a planta. O texto diz: na madrugada do dia seguinte, Deus mandou uma lagarta atacar a planta de modo que ela secou (Jn 4. 7 NVI).
9.      O vento oriental para incomodar Jonas.
O terceiro é de ordem histórica. É mais do que fato que a estrutura interna do livro não é rica em detalhes históricos.
1.      Não é mencionado o nome do rei de Israel, de Judá, nem mesmo o soberano de Nínive.
2.      Não há detalhes a respeito dos marinheiros envolvidos no episodio da tempestade no mar.
3.      Não há detalhes a respeito do local em que o grande peixe deixou Jonas,
4.      Nem como o mesmo chegou em Nínive,
5.      Se nosso personagem percorreu toda a cidade, ou se apenas um terço como os críticos afirmam,
6.      Em quais locais da cidade ele proclamou sua mensagem, e como os habitantes da cidade tiveram acesso a mensagem do profeta,
7.      Em que lugar se deu a reunião em que eles decidiram o jejum, se foi uma atitude política, nada é dito sobre.
O fato mais do que claro, é que Deus usa de misericórdia, ou compaixão para com a cidade, em razão de sua conversão ao apelo de Jonas. O que estes fatos nos revelam? Algo que, verdadeiramente está para além de qualquer capacidade de produção humana, incluindo a história; que Deus está no comando de todos os fatos referentes a missão e vida de Jonas. Daí, creio eu, o desinteresse do autor em questões históricas.
As temos de afirmar que a negação da realidade destes milagres é também a negação da intervenção divina na realidade, bem como a eliminação de qualquer possibilidade de interação entre Deus e os homens, ou a própria natureza.

A QUESTÃO DO ARREPENDIMENTO

Os ninivitas creram em Deus. Proclamaram jejum, e todos eles, do maior ao menor, vestiram-se de pano de saco. Quando as notícias chegaram ao rei de Nínive, ele se levantou do trono, tirou o manto real, vestiu-se de pano de saco e sentou-se sobre cinza. (...) Deixem os maus caminhos e a violência. Talvez Deus se arrependa e abandone a sua ira, e não sejamos destruídos". Deus viu o que eles fizeram e como abandonaram os seus maus caminhos. Então Deus se arrependeu e não os destruiu como tinha ameaçado (Jn 3. 5 – 10 NVI).
Do texto podemos entender duas coisas. A primeira, é que Deus se arrepende do mal que está por fazer. Como se a própria Bíblia diz que Deus não se arrepende (Nm 23. 19; Ml 3. 6; Rm 11. 29)?  Precisamos entender que o verbo usado aqui, pelo autor é ןָחַם (naham), cujo sentido é o de sentir-se pesaroso ao ponto de sentir piedade, ou se lamentar. É neste mesmo sentido que o termo é empregado em Gn 6. 6 para dizer que Deus se arrependeu de haver criado o homem.
E quanto à conversão do povo? O termo empregado é שוּב (Shuv), que tem por sentido o ato de retroceder, de voltar ao ponto de partida. Frequentemente se traduz o termo como arrependimento. Mas a tradução grega do Antigo testamento usa do o verbo grego επιστρεψαι
(epispetrepsai), cuja tradução mais correta é a de conversão mesmo.
Logo, são termos bem distintos e operações bem diferentes. Na primeira, Deus está sustando o julgamento que prometera por meio de Jonas. Na segunda o povo está respondendo positivamente á pregação do profeta. E aqui está o verdadeiro sucesso do profeta. Um povo estrangeiro ouviu a sua mensagem e creu em sua pregação, mas ele, ao que tudo indica não estava preparado para tal.
Amanhã concluo este texto, que encerro aqui para não ficar tão longo. 


4 comentários:

  1. varao que bençao esse texto me esclareceu muito sobre jonas,me explique se jonas nao obedeceu por priguiça ou por nao acreditar que o povo se converteria ao senhor?

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    Respostas
    1. Renata, escrevi e publiquei um segundo texto no qual explico que jonas foi resistente à ordem de Deus porque sabia que este usaria de misericórdia com os ninivitas, é só clicar no link abaixo

      http://blogdoprmedeiros.blogspot.com.br/2012/11/licao-de-ebd-n-6-jonas.html

      Graça e paz sejam contigo.

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    2. Amado, após a leitura fiquei pensando em como nós mesmos, não raras vezes, podemos nos encontrar no ventre de um peixe devido a não ter atendido (ou entendido) a vontade Divina. Por isso sempre oro para que nosso bom Deus me dirija em Sua Santa, Agradável, e Perfeita Vontade.
      Que Deus nos dê a todos sabedoria e obediência!
      A paz!! Simone Fernandes

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    3. A oração de Jonas no ventre do grande peixe é instrutiva a este respeito. Em todos os casos, "do Senhor vem a Salvação"

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