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sábado, 1 de março de 2014

Um lugar de Adoração a Deus no Deserto


No decorrer desta série de estudos foi possível perceber que ainda no Egito, Deus deu a Moisés a ordem que se apresentasse ao Faraó e lhe dissesse: assim diz o Senhor, o Deus dos hebreus: Deixe o meu povo ir para que me preste culto (Ex 9. 1 NVI). A Almeida traduz por servir, mas cuja conotação é a mesma de culto. Daí entendemos que o povo de Israel foi liberto por Deus do jugo da servidão no Egito, a fim de ser um povo adorador. O tabernáculo cumpre dupla função. Primeiro, a de concretizar o projeto divino de que o povo o adorasse. Segundo, e por último, servir e memorial da presença de Deus no meio do seu povo. Neste estudo proponho uma breve reflexão a respeito do tabernáculo. Para tal começo aqui uma breve abordagem a respeito do proposito de Deus na construção do tabernáculo, e do mesmo enquanto local de representação da presença de Deus no meio do seu povo.

I) O tabernáculo dentro do propósito de Deus

Tão logo chamou Moisés, Deus deixou claro que o estava fazendo a fim de ser adorado pelo povo ao qual estaria enviando o referido líder. Deus lhe disse: Eu estarei com você. Esta é a prova de que sou eu quem o envia: quando você tirar o povo do Egito, vocês prestarão culto a Deus neste monte (Ex 3. 12 NVI). E na mesma ocasião lhe disse: Depois você irá com elas ao rei do Egito e lhe dirá: O Senhor, o Deus dos hebreus, veio ao nosso encontro. Agora, deixe-nos fazer uma caminhada de três dias, adentrando o deserto, para oferecermos sacrifícios ao Senhor nosso Deus (Ex 3. 18 NVI).
O leitor pode notar que nestes dois textos fica evidente que o proposito da obra de libertação do povo da servidão egípcia consiste em fazer do mesmo um povo adorador. Isso fica patente quando Deus ordene que Moisés se apresente ao Faraó e lhe diga as seguintes palavras: Israel é o meu primeiro filho, e eu já lhe disse que deixe o meu filho ir para prestar-me culto (Ex 4. 22, 23 NVI).
Daí para a frente em todas as ocasiões em que Moisés se apresenta a Faraó, ele usa esta fórmula: Deixe o meu povo ir para celebrar-me uma festa no deserto (Ex 5. 1 NVI), ou: O Deus dos hebreus veio ao nosso encontro. Agora, permite-nos caminhar três dias no deserto, para oferecer sacrifícios ao Senhor, o nosso Deus; caso contrário, ele nos atingirá com pragas ou com a espada (Ex 5. 3 NVI). Sendo que neste último texto fica evidente que é Deus quem vai ao encontro dos seus adoradores. a recusa, por parte do monarca egípcio acarretou nas dez pragas cujo clímax foi a morte dos primogênitos.
Mas o plano de Deus não se esgota aqui, não bastasse escolher um povo para a adoração, Deus ainda determinou um centro móvel para que a mesma ocorresse, o Tabernáculo. Não sendo isto suficiente, ele ainda proveu os recursos para que cada peça do mesmo fosse construída e que o mesmo fosse levantado. E esta provisão se deu por meio das riquezas que cada israelita pegou de um egípcio na noite em que por mão poderosa Deus os tirou de lá.
E farei que os egípcios tenham boa-vontade para com o povo, de modo que, quando vocês saírem, não sairão de mãos vazias. Todas as israelitas pedirão às suas vizinhas, e às mulheres que estiverem hospedando em casa, objetos de prata e de ouro, e roupas, que vocês porão em seus filhos e em suas filhas. Assim vocês despojarão os egípcios (Ex 3. 21, 22 NVI). 
Os israelitas obedeceram à ordem de Moisés e pediram aos egípcios objetos de prata e de ouro, bem como roupas. O Senhor concedeu ao povo uma disposição favorável da parte dos egípcios, de modo que lhes davam o que pediam; assim eles despojaram os egípcios (Ex 12. 35, 36 NVI).
O mais interessante em tudo isto foi o fato de que séculos antes Deus havia revelado a Abraão que seria assim.
Saiba que os seus descendentes serão estrangeiros numa terra que não lhes pertencerá, onde também serão escravizados e oprimidos por quatrocentos anos. Mas eu castigarei a nação a quem servirão como escravos e, depois de tudo, sairão com muitos bens (Gn 15. 13, 14 NVI). 
Os bens com os quais Israel saiu do Egito foram empregados na construção do tabernáculo.  E duas gerações antes de todos os fatos envolvendo a descida ao Egito, Deus já havia revelado à Abraão como tais fatos se dariam. Quando o povo foi liberto e a aliança de mandamentos foi celebrada no Sinai, o Senhor ordenou que se construísse o tabernáculo.

II) Uma breve descrição do tabernáculo

Na carta aos Hebreus nós temos uma descrição do tabernáculo. A mesma não é plena, uma vez que não se fala nem do pátio, ou átrio, local no qual se encontravam o altar, e a pia de bronze, mas é uma descrição bem resumida e que nos ajuda na formação de uma imagem bastante viva da tenda da presença de Deus.
Ora, a primeira aliança tinha regras para a adoração e também um tabernáculo terreno. Foi levantado um tabernáculo; na parte da frente, chamada Lugar Santo, estavam o candelabro, a mesa e os pães da Presença. Por trás do segundo véu havia a parte chamada Santo dos Santos, onde se encontravam o altar de ouro para o incenso e a arca da aliança, totalmente revestida de ouro. Nessa arca estavam o vaso de ouro contendo o maná, a vara de Arão que floresceu e as tábuas da aliança. Acima da arca estavam os querubins da Glória, que com sua sombra cobriam a tampa da arca. A respeito dessas coisas não cabe agora falar detalhadamente (Hb 9. 1 - 5 NVI). 
O  que se pode perceber aqui é que o tabernáculo é instituído em meio a uma aliança que Deus mesmo faz com seu povo. Esta aliança possui regras quanto à adoração a Deus, e é neste contexto de adoração e de aliança que surge o tabernáculo. Daí que cada elemento constituinte da tenda sagrada seja um componente da adoração.
A pia de bronze lembrava ao povo a necessidade de purificação constante, afinal, sempre que os filhos de Arão se aproximavam para ministrar, eles se lavavam, como o Senhor tinha ordenado a Moisés (Ex 40. 32 NVI). Ainda no antigo Testamento os salmistas entenderam que tal purificação era decorrente da ação da palavra de Deus (Sl 119. 9, 11).
O altar era lugar de sacrifício, portanto, apontava para a necessidade de consagrar a Deus todos os bens que ele no concede. O lugar santo propicia reflexão a respeito da separação necessária entre o sagrado e o profano, embora ambos estejam em uma mesma dimensão. A mesa com os pães da presença, ou preposição aponta para a comunhão, uma vez que somente quem tem em comum poderia comer com o outro. Assim, fica explicitada a comunhão entre Deus e os que representavam o povo, no caso o sacerdote.
O incensário representava a vida de oração necessária ao povo e aos sacerdotes. Não foi sem razão que o salmista orou: Seja a minha oração como incenso diante de ti, e o levantar das minhas mãos, como a oferta da tarde (Sl 141. 2 NVI). Dentro do santo dos santos havia somente a arca, que por sua vez revelava tanto a aliança de Deus com Israel, quanto a presença deste no meio do povo, visto que Deus é descrito como aquele que está assentado entre os querubins (Sl 80. 1ss). É aqui que precisamos meditar a respeito da mensagem contemporânea do simbolismo do tabernáculo.
 
III) O tabernáculo hoje
 
A palavra tabernáculo é a mesma para tenda. Assim, em Hebraico, temos o termo מִּשְׁכָּ֑ן (mishkah), que indica uma tenda, podendo ser a habitação de um pastor. Não é sem razão que o salmista indica o pastor de Israel como morando acima dos querubins (Sl 80. 1). Com isto se evidencia que a finalidade da tenda da congregação era a de simbolizar a presença de Deus no meio do povo. Estabelecerei a minha habitação entre vocês e não os rejeitarei. Andarei entre vocês e serei o seu Deus, e vocês serão o meu povo (Lv 26. 11, 12 NVI). Neste texto e nesta versão מִשְׁכָּנִ֖י é traduzido por habitação, em bora seja usual empregar tabernáculo.
Esta palavra teve o seu pleno cumprimento quando Cristo se fez carne, ou seja, tabernaculou, armou a sua tenda entre nós. João afirma: Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade (Jo 1. 14 NVI). A palavra para viveu é o verbo εσκηνωσεν (eskenoosen), que significa armar uma tenda, visto que a palavra grega para tenda, ou tabernáculo é σκηνης (skenees). Cristo é o tabernáculo divino. Esta realidade foi devidamente captada pelo autor de Hebreus, quando este afirmou:
O mais importante do que estamos tratando é que temos um sumo sacerdote como esse, o qual se assentou à direita do trono da Majestade nos céus e serve no santuário, no verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, e não o homem (Hb 8. 1, 2 NVI). 
Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo (Hb 10. 19, 20 NVI).   
Mas reservo o assunto a respeito de Cristo e do tabernáculo para outra ocasião. Deus o abençoe, em Cristo.

Pr Marcelo Medeiros 

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