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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

A Religião Faz Hipócritas?


Mais um daqueles catazes que provocam pensamento, que me fazem botar os neurônios para brigarem. A religiosidade é a mãe da hipocrisia? Responder a questão demanda uma definição dos conceitos envolvidos. O primeiro já foi definido aqui neste espaço. É o sentimento de dependência do que é absoluto. Biblicamente falando o termo θρησκειας (threskeias) é empregado para designar a prática do culto e a piedade em visitar os órfãos, as viúvas e guardar-se da contaminação que há no mundo. 

Creio que este assunto já tenha sido abordado com a devida propriedade neste post. Todavia julgo necessário uma abordagem com um outro enfoque. A hipocrisia é um termo que advém de υποκρισιν (hupocrisin), do teatro grego. É a capacidade que uma pessoa possui de representar ser aquilo que ele não é e assim convencer os outros a terem uma ideia errada delas. 

A religião pode ser exercida de forma hipócrita? Sim. Diante de tal afirmação pode-se afirmar que a primeira é a causa da segunda? Não! O exercício fingido da Religião vem de dois fatores claramente considerados por Tiago. Seguindo ordem inversa ao texto, destaco a incoerência entre a palavra pregada, ensinada e escrita e a vivência do religioso. 

Cabe igualmente destacar aqui a natureza pecaminosa dos homens. É incrível como se é desafiado pelo Evangelho! Procuramos "viver a vida" e ele nos diz: "quem quiser salvar a sua vida, perde-la-á". A hipocrisia entre quando se acha que se pode viver o Evangelho com suas próprias forças. É justamente aí que o ser humano se vê mais tentado, afinal, o que deveria ser pela graça acaba sendo uma afirmação meritória. 

Para Pascal a hipocrisia nasce do amor próprio, uma deficiência que faz com que o indivíduo não se conforme com a vida que tem em si, mas queira viver uma vida na mente das demais pessoas. Daí a construção de um personagem. lembre-se do termo υποκρισιν. Em outros termos: a despeito de todas as imperfeições que todos possuímos, nosso desejo natural é o de ser estimados pelos demais. Esta é a causa de uma das mais embraçosas paixões que o homem possa ter. 

Esta mesma paixão faz com que o homem tenha aversão a tudo o que diga a verdade a respeito de si. Ela também contamina as relações entre os homens. Como? Fomentando a bajulação mútua, e o constante ocultamento dos defeitos. Mas o principal é a aversão pela verdade a respeito de nós. Ela obriga as pessoas a usarem dos mais diversos subterfúgios para repreenderem as outras. 

Quando as pessoas possuem algum interesse em serem amadas usam do expediente acima. E aqui se percebe o auge da contaminação. O amor leva incondicionalmente à verdade. É incrível como ambos estão ligados. Ao meu ver não é a religiosidade a causa da hipocrisia, mas a natureza pecaminosa, que se manifesta na necessidade de afirmação pessoal ao ponto de se construir um personagem que nos representem na mente das demais pessoas. 

Forte Abraço, Marcelo Medeiros. 

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