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terça-feira, 15 de setembro de 2015

Amizade e Redes Sociais



Me preocupa de longa data o emprego da tecnologia, principalmente das redes sociais. O advento do Orkut e do Facebook banalizou o termo amizade. Lexicalmente falando, esta é a afeição que promove algum tipo de ligação entre as pessoas. Todavia esta mesma não se dá de forma tão banal, como se possa pensar. Milton Nascimento acertou quando disse que amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, dentro do coração. Se tem de guardar, é porque é raro, valioso, ao invés de banal.

Não raras vezes vejo as pessoas se dizendo amigas uma das outras, e a base nada tem a ver com o que se vê a respeito da amizade, tanto na literatura sapiencial, quanto na tradição filosófica. Jesus filho de Sirac acreditava que amigos deveriam de serem adquiridos mediante provas, e que não poderia haver pressa em confiar nos mesmos (Eclo 6. 7). Há aqueles que não são fieis na tribulação, os que se tornam verdadeiros inimigos, há os que são companheiros de mesa, mas diante de qualquer adversidade eles se colocam contra nós (Eclo 6. 8 - 11).

Daí que o sábio arremate: amigo fiel não tem preço é imponderável o seu valor. Amigo fiel é bálsamo vital e os que temem ao Senhor o encontrarão. Aquele que teme ao Senhor regra bem as suas amnizades, pois tal como ele é, assim é seu amigo (Eclo 6. 15 - 17 Bíblia de Jerusalém). Nas palavras de Salomão: há amigos que levam à ruína e há amigos mais queridos do que um irmão (Pv 18. 24 Bíblia de Jerusalém). 

Na perspectiva filosófica a amizade é uma afeição que se dá entre iguais. Dizem à boca miúda que esta é a perspectiva aristotélica a respeito da amizade. Para C. S. Lewis, a amizade tem sua causa no companheirismo. Logo, não há possibilidade de verdadeiras relações sem que as pessoas "comam o mesmo pão" [significado de cun panis em latim]. É na companhia de outros consortes que amigos são descobertos. 

Na compnhia de pessoas que surge a verdadeira amizade. Ela não é norteada por interesses secudários. A causa da mesma, a afinidade que é descoberta. Isto pode ocorrer em ambientes virtuais? Sim e não. Possa ser que em um facebook da vida por exemplo se descubra alguém que partilha de uma mesma visão teológica, política, eclesiástica, estética, artítistica. Mas não há ali a garantia de que desta partilha surgirá uma conexão íntima, ou uma relação de semelhança. 

As redes sociais tem como finalidade a troca e compartilhamento de conhecimentos e informações. Esta é a grande dádiva que estas ferramentas trouxeram. Mas em um país com baixo senso crítico, onde as pessoas passam procuração para que outras pensem por elas, este emprego e concepção correm sério risco de jamais serem compreendidos. Sob este prisma, Facebook, Youtube, Instagram, terminam por serem ferramentas de exposição pessoal. Sobrsa narcisismo e falta sabedoria. 

Amigos nada têm a ver com os relacionamentos e conexões que fazemos em rede sociais. Estes são "amigos virtuais", cuja finalidade é o compartilhamento de ideias e informações. Um exemplo, sou calvinista e continuísta, o Facebook, me proporciona a oportunidade de publicar os artigos do meu blog, e me conectar com pessoas que comungam das mesmas perspectivas teológicas que eu. 

São meus amigos? Em princípio não [falo isto daqueles que nunca vi pessoalmente], mas de acordo com a dinâmica podem ser grandes colaboradores e se algum dia comermos o mesmo pão, sentirmos a mesma sensação que os consortes sentem, sejamos amigos mais chegados do que um irmão, aquele tipo que "na angústia se faz irmão". 

Difícil de engolir? Com certeza! Mas é o que a vida tem me ensinado. Amigos de verdade criam uma conectividade tal, que mesmo diante de uma divergência, seja de que tipo for, não se desfaz. Fica ali, dentro do peito, dentro do coração. Isto não tem nada a ver com estar na página de alguém, só por estar, ou porque ela é uma pessoa pública, ou porque possa advir algum favorecimento da "relação". 

Por enquanto, o que cabe é que refletir a respeito da amizade e do uso das redes sociais e pedir a Deus que nos conceda discernimento no tocante a estas coisas. Emn Cristo, 

Marcelo Medeiros. 

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