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sexta-feira, 22 de julho de 2016

O Trabalho e Atributo de um Ganhador de Almas


Particularmente gostaria de propor ao leitor uma leitura a partir da temática: O Trabalho e Atributo de um Evangelista. A expressão Ganhador de Almas pressupõe aquisição de benefício, ou vantagem no exercício de uma tarefa, o que nada tem a ver com a figura do pregador do Evangelho. Feita esta observação inicial cabe ressaltar que:

  1. A tarefa da Evangelização é de incumbência do povo de Deus como um todo. 
  2. Que Deus levanta Evangelistas com o intuito realizarem um trabalho de pregação e plantação de Igrejas. 
  3. Que as pessoas que se enquadram neste perfil precisam desenvolver um trabalho com os devidos moldes bíblicos e serem marcadas por determinadas qualidades. 
Feitas as colocações há que se passar ao estudo. 

A EVANGELIZAÇÃO E A CONGREGAÇÃO

Um texto que serve para esta reflexão inicial é o de Atos dos Apóstolos. 
Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra (At 8. 4 ARCF). E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. E havia entre eles alguns homens chíprios e cirenenses, os quais entrando em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus. E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor. E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé a Antioquia  (At 11. 19 - 22 ARCF). 
O que o texto mostra é que o Evangelho saiu do círculo judaico, por meio de uma perseguição, decorrente da morte de Estevão. O termo dispersos é a tradução de διασπαρεντες (diasporentes), de onde vem διασπορα (diáspora), ou dispersão. É curioso que uma perseguição tenha promovido a expansão do Evangelho, mas foi isto que aconteceu. 

Antes destes versos, o que se percebe é a atuação majoritária dos apóstolos. Daqui para frente uma narrativa em que o papel dos irmãos da congregação é primordial. Lucas afirma que eles ευαγγελιζομενοι τον λογον (euaggelizomenói ton logon). O anúncio do Evangelho confunde-se com a propagação da própria palavra de Deus. 

O texto destaca ainda que em princípio o evangelismo era direcionado aos judeus, uma vez que os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. Este mesmo padrão é seguido por Paulo em razão da compreensão de que estes precedem aos gentios na economia da salvação. 

Todavia esta mesma lógica é quebrada uima vez que chíprios e cirenenses, entraram em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus - ελαλουν προς τους ελληνιστας ευαγγελιζομενοι τον κυριον ιησουν (elaloun pros helleenitstas euanggelizomenoi ton kurion Iesoun) - em outras palavras, eles evangelizavam ao falar de Jesus. EVANGELIZAR É FALAR DE CRISTO, e TÃO SOMENTE DE CRISTO.

Tudo o que advém da fala evangelística resulta de uma ação divina. Aqui há que se observar que não existem ganhadores de almas. Há mensageiros cujo efeito de suas mensagens é visto de imediato, e aqueles cujo resultado se dá à médio e longo prazo. Independente de como ocorra o texto afirma asseveradamente: E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor., indicando com isto que os resultados são garantidos pela ação de Deus.

Lucas afirma que todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar (Lc 2. 47 ARCF), Se é Deus quem acrescenta à Igreja quem tem de ser salvo, onde está o espaço para que se pense em ganhadores de almas? Escrevendo aos irmãos de Corinto Paulo pergunta: quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? (I Co 3. 5 ARCF) e prossegue dizendo: Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento (I Co 3. 6 ARCF), e arremata afirmando:  Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento (I Co 3. 7 ARCF).

Cada Evangelista é um serviçal, cuja capacidade de conduzir pessoas à fé em Cristo decorre da medida do dom de Cristo concedida a cada um. A razão de ser do evangelismo em conjunto, se deve ao fato de que nem mesmo Paulo realizou a obra sozinho, antes contou com a cooperação de vários obreiros dentre os quais Apolo.

Independente de qualquer fator, o crescimento procede de Deus. Esta é uma marca distinta do Reino. Jesus disse:
O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra. E dormisse, e se levantasse de noite ou de dia, e a semente brotasse e crescesse, não sabendo ele como. Porque a terra por si mesma frutifica, primeiro a erva, depois a espiga, por último o grão cheio na espiga. E, quando já o fruto se mostra, mete-se-lhe logo a foice, porque está chegada a ceifa (Mc 4. 26 - 29 ARCF). 
O que este texto ensina é que o Reino de Deus é similar à dinâmica da plantação. Ao homem cabe o papel de semear, ao passo que é a terra e a natureza da semente que traz o devido resultado. No contexto de Marcos, esta parábola segue a do semeador. Com isto  fica indicado que os resultados da pregação dependem exclusivamente de Deus. Somente uma visão histórica romanceada assimila que existam heróis no Reino de Deus.

Evangelismo é atividade eclesiástica, é incumbência da Igreja de Cristo Jesus e ponto. Ao Senhor compete o acrescentar almas à sua Igreja, algo que ELE  faz de acordo com sua soberana e eterna vontade.

FELIPE O EVANGELISTA
E, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo. E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia; Pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados. E havia grande alegria naquela cidade. E estava ali um certo homem, chamado Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica, e tinha iludido o povo de Samaria, dizendo que era uma grande personagem; Ao qual todos atendiam, desde o menor até ao maior, dizendo: Este é a grande virtude de Deus. E atendiam-no, porque já desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas. Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus, e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres (At 8. 5 - 12 ARCF). 
Em consonância com a ação da Eclésia, Felipe prega a Cristo. Sendo que para a ação deste evangelista o termo empregado é κηρύσσώ (keryssoo). O papel de Felipe foi o e um arauto, cuja missão é anunciar em voz alta as decisões judiciais. Deus cooperou com este como o fez com os demais apóstolos, confirmando a palavra por meio de sinais. Estes vão desde a expulsão de demônios,até as mais diversas curas. 

A menção da conversão de um mago, ou mágico serve para a distinção entre as manifestações do poder de Deus e as habilidades ilusionista. A narrativa fecha com a proposta de simão ao apóstolo Pedro a fim de obter junto a este o poder de realizar os sinais que estes realizavam. Diante da negativa e da repreensão este segue seu caminho e os apóstolos continuam a anunciar Cristo nas aldeias dos samaritanos. 

O tema da pregação de Felipe era o Reino de Deus e o nome de Jesus. Possivelmente a menção ao nome se devesse às explicações sobre a origem e natureza dos milagres. O Resultado foi a adesão e o batismo de todos quantos ouviram e creram na mensagem de Felipe. Mas o Evangelismo não se esgota aqui. O papel decisivo do Evangelista em apreço junto ao eunuco tem de ser destacado. 
E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta. E levantou-se, e foi; e eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Jerusalém para adoração, Regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías. E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro. E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse. E o lugar da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro; e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, Assim não abriu a sua boca. Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento; E quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra. E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro? Então Filipe, abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus. E, indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja batizado? E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus. E mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou. E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho (At 8. 26 - 39 ARCF). 
A direção para Felipe vem de Deus. Aliás Deus manda Felipé pregar ao Eunuco, manda Pedro acompanhar a comitiva de Cornélio, proíbe Paulo de pregar na Mísia e na Bitínia, mas o orienta em sonhos para se dirigir à Macedônia. Todavia a orientação se restringe à aproximação entre o Evangelista e o público alvo.

Uma dúvida bíblica foi a causa da aproximação entre Felipe e o Eunuco. Da resposta veio a oportunidade de anunciar Cristo. O texto lido Is 53 despertava dúvidas porque alguns diziam que se tratava do profeta, outros que o servo do Senhor seria o povo de Israel. Felipe diz que era Cristo. Maus uma vez o Evangelho trouxe alegria e como resultado o Batismo.

Mais uma vez o alvo foi o anúncio de Cristo, tendo na Escritura o seu ponto de partida. Não cabe ao evangelista propor soluções para necessidades além de Cristo. Esta é a maior oferta do Evangelho, na verdade a única. Como disse Brennan Manning Jesus é todo o Evangelho. Qualquer pessoa que apareça no Evangelho aparece como alguém que reage à Cristo.

QUALIDADES DE UM EVANGELISTA

  1. O Evangelista tem como qualidade o senso de oportunidade. O que poderia ter sido uima tragédia para a Igreja do primeiro século foi a maior das oportunidades para que o Evangelho chegasse em Samaria e daí fosse para os confins da terra, representado por Antioquia no texto de At 11.  
  2. Fidelidade à mensagem da Palavra de Deus. O Evangelho é bibliocêntrico, evangelizar é anunciar a Palavra de Deus. 
  3. Demanda conhecimento das especificidades do público alvo. A facilidade em Evangelizar aos judeus (o mesmo se aplica ao eunuco que vinha na carruagem) se deu em razão de que as Escrituras funcionaram como mediadoras, o mundo da ápoca er amais inserido na cultura bíblica. 
  4. Hoje o Evangelista é alguém que tem o papel de um construtor de pontes. No Evangelismo tal se dá mediante a percepção dos anseios do mundo atual e de como o Evangelho responde a tais anseios. 
  5. A conversão é a finalidade do Evangelho, Todavia esta é uma obra feita exclusivamente por Deus em Cristo e pelo Espírito. Daí a necessidade de que o pregador do Evangelho conte com o auxílio divino na tarefa. 
Deus os abençoe em Cristo, Marcelo Medeiros. 


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