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sábado, 16 de julho de 2016

Igreja Agência Evangelizadora



A Igreja é a Agência Evangelizadora. Com isto, o que se quer dizer é que a razão de ser desta é a evangelização, ou a pregação do Evangelho. A grande comissão é o relato que expõe claramente  esta dimensão, ou modo de ser da Igreja. Todavia existem outros ensinos claros de Cristo que apontam para esta mesma verdade. O objetivo primordial deste post consiste em apontar para estes ensinos e articular os mesmos com os relatos da grande comissão e a descrição da atividade da comunidade primitiva nos Atos dos Apóstolos. 

O ENSINO DE CRISTO A RESPEITO DA NATUREZA DA IGREJA
Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus (Mt 5. 13 - 16 ARCF). 
Não se sabe ao certo, se por razões medicinais, ou meramente religiosas o sal era um elemento que era esfregado em uma criança recém nascida. Todavia seu uso mais importante se deve às funções preservativas do mesmo, conforme destacado por Lucas em seu evangelho. Bom é o sal; mas, se o sal degenerar, com que se há de salgar? Nem presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça (Lc 14. 34, 35 ARCF). 

Partindo deste elemento pode-se concluir que o texto de Mt 5. 13 - 16 na verdade versa a respeito da influência que os discípulos exercem na terra. É de suma importância, para a percepção de tal a leitura articulada com Mt 5. 2 - 12, onde as características dos discípulos de Jesus são traçadas. Quais?

  1. Senso de miséria espiritual e dependência divina, representado na pobreza. Falo a respeito neste e neste texto
  2. A contrição e o arrependimento decorrentes do senso de miséria espiritual, do qual falo melhor neste texto.  
  3. A mansidão cuja marca maior é a capacidade de autocrítica. 
  4. A fome de Deus e de Cristo e de sua Palavra.
  5. A misericórdia de acordo com este post, esta pode ser exercida pelo comedimento no julgar aos outros, ou pelo menos em fazê-lo de forma temerária. 
  6. A esta última pode-se somar um coração limpo, e 
  7. um espírito pacífico, decorrente da mansidão e misericórdia. 
Estes, mesmo sob o peso e esmagamento da perseguição exercem influência sobre os indivíduos. Deus soberanamente escolheu trabalhar desta forma a fim de que os êxitos do Evangelho pertencessem exclusivamente a Ele. Em outro texto Paulo fala claramente desta contraposição entre a majestade de Deus e do Evangelho e a fragilidade dos instrumentos que Cristo levanta a fim de proclamar sua Palavra. 
Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós (II Co 4. 3 - 7 ARCF). 
Que o leitor perceba uma verdade. O Evangelho traz a Glória de Cristo, que é a imagem de Deus, traz como conteúdo o próprio Cristo, o Senhor, traz  iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Tal como no caso das lamparinas da Judeia, é marcada pela contraposição fragilidade do recipiente e excelência do conteúdo. Feitas as considerações iniciais, necessário se faz abordar a Grande comissão. 

A GRANDE COMISSÃO
E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém (Mt 28. 18 - 20 ARCF). 
A comissão na ótica de Mateus tem a ver com a autoridade que Cristo recebe imediatamente após a ressurreição, a fim de que se perceba tal verdade basta olhar para o kerigma primitivo e ver o quanto Jesus é chamado de SENHOR.  Sob esta autoridade os discípulos são enviados a batizar em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo

A comissão aqui compreende o discipulado cuja marca é a submissão obediente ao que Cristo ensinou. Para mais a respeito do discipulado ver aqui. A Igreja compreendeu isto perfeitamente tanto que o primeiro historiador chamou os fiéis da mesma de μαθηται (mathetai). O crescimento da Igreja primitiva equivalia ao crescimento do número dos discípulos. 
E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porãoas mãos sobre os enfermos, e os curarão. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém (Mc 16. 15 - 20 ARCF). 
A respeito deste último texto traço minhas considerações neste post.  A ordem é para que os discípulos preguem pelo caminho. somente duas reações são possíveis, a de crença no Evangelho, e a de rejeição. Jesus oferece aos seus sucessores poder para que a mensagem seja confirmada por meio de sinais. 

A IGREJA PRIMITIVA E A OBEDIÊNCIA À GRANDE COMISSÃO

O testemunho da Igreja primitiva decorre do derramamento do Espírito no Pentecoste. E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder (Lc 24. 49 ARCF), e: Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra (At 1. 8 ARCF). 

Após o derramar do Espírito, os apóstolos compeçaram a pregar com ousadia. Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz, e disse-lhes: Homens judeus, e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras (At 2. 14 ARCF), e como efeito da mensagem entregue sob autoridade, inspiração e poder do Espírito, três mil almas se renderam. 
E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos? E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar. E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas (At 2. 37 - 41 ARCF). 

  1. A mensagem esmaga, quebranta o coração dos ouvintes. 
  2. Eles perguntam aos apóstolos o que devem fazer. 
  3. Os apóstolos apontam para eles o arrependimento e o batismo como condição, a fim de que os ouvintes desfrutem  dos dons do Espírito e da salvação. 
  4. Os apóstolos recomendam aos seus ouvintes, agora convertidos que os mesmos se separem de sua geração. 
  5. Somente após tais recomendações as pessoas são batizadas. 
  6. O batismo aqui decorre da recepção à PALAVRA DE DEUS. 
Ao lado do mover do Espírito, a oração era a mola propulsora da evangelização na Igreja primitiva. E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus (At 4. 31 ARCF). O efeito imediato do mover do Espírito Santo aqui é a fala aberta e ousada por parte dos discípulos de Cristo. O termo anunciar aqui tem a ver com o verbo grego λαλέω (laleoo), que é a fala a respeito de um assunto específico. 

Outro termo importante é παρρησιας (parresias), cujo sentido é o de ousadia. Em outras palavras os discípulos propagavam o Evangelho abertamente, e até de forma rude. Talvez seja uma alusão ao caráter acusatório do Evangelho, uma vez que em todo o querigma os judeus são acusados da morte de Cristo e os gentios de sua idolatria. 
Mas vós negastes o Santo e o Justo, e pedistes que se vos desse um homem homicida. E matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas (At 3. 14, 15 ARCF). 
Por mera questão de tempo concluo este estudo afirmando a dependência do Espírito, da oração e da palavra para que a Igreja conclua sua missão enqunto agência evangelizadora. Em Cristo. 

Marcelo Medeiros. 

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