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sábado, 3 de outubro de 2015

Gênesis, o Livro da Criação Divina



As Escrituras Sagradas têm por objetivo produzir esperança (Rm 15. 4), fazer o homem sábio para a salvação e educar o mesmo em toda a justiça (II Tm 3. 14 - 17). É isto que tem de ser buscado na mesma. Todavia mediante a leitura da Bíblia é possível que algumas perguntas existenciais sejam respondidas. Gênesis traz respostas para as mesmas ao dizer quem, ou o quê é o homem, de onde ele veio, e qual o seu propósito. 

TEMA, DATA, AUTORIA E LOCAL

A temática de Gênesis é indicada pelo nome que este livro recebe em sua versão hebraica e grega. O termo hebraico בְּרֵאשִׁ֖ית (berisht) indica que o livro trata dos princípios, uma vez que este é o sentido do vocábulo em apreço. Já o termo grego é retirado deste verso: Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram criados; no dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus (Gn 2. 4 ACF). A expressão origens é a tradução do termo grego γενέσεως (genéseoos), de onde advém a palavra gênesis. 

Gênesis descreve não a criação em si. Na concepção judaica esta é um ato soberano e poderoso do criador, e o que se afirma é que: Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca (Sl 33. 6 ACF). Lembrando que espírito aqui equivale a sopro, o que indica a ação conjunta do Espírito de Deus na criação. 

A tradição judaica atribuiu a autoria do Gênesis à pessoa de Moisés. Sob esta perspectiva,o livro teria a sua datação aproximada ao século XV a. C. Todavia no Séc. XVIII da corrente era surgiram as famosas teses documentais. De acordo com tais perspectivas o primeiro livro seria resultante de uma série de documentos que recebia e as iniciais JEDP, sendo J (javista), E (eloísta), D (deteronomista) e P (sacerdotal). 

À título de exemplo tome P (sacerdotal) e J (javista), para entender o motivo de dois relatos da criação. Esta tese caiu na academia em detrimento das análises literárias. Ao analisar o texto a maioria dos teólogos percebeu, que a despeito da percepção de um considerável número de fontes no mesmo, é igualmente perceptível que na redação final, os mesmos apresentam mútua dependência. 

Minha conclusão é a de que Moisés reuniu um conjunto de tradições orais para compor ao menos parte significativa do livro de Gênesis. Não vejo razão para crer de modo contrário, a despeito de todas as observações dos teólogos de cunho mais liberal. Todavia não me vejo impedido de crer que este mesmo livro tenha recebido sua redação final no período interbíblico. 

OBJETIVOS DE GÊNESIS

São objetivos do Gênesis: o fortalecimento da fé dos hebreus e a resposta às questões vitais. Sob esta ótica há que se considerar as interpretações do relato da criação. Ele aparece articulado com a criação do povo de Israel. Deus cria a terra por meio de sua Palavra a partir do nada. De igual modo cria o seu povo a partir de uma mulher estéril. Seu poder na criação é demonstração de seu poder redentor.
Assim diz o Senhor, teu redentor, e que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço tudo, que sozinho estendo os céus, e espraio a terra por mim mesmo; Que desfaço os sinais dos inventores de mentiras, e enlouqueço os adivinhos; que faço tornar atrás os sábios, e converto em loucura o conhecimento deles; Que confirmo a palavra do seu servo, e cumpro o conselho dos seus mensageiros; que digo a Jerusalém: Tu serás habitada, e às cidades de Judá: Sereis edificadas, e eu levantarei as suas ruínas; Que digo à profundeza: Seca-te, e eu secarei os teus rios. Que digo de Ciro: É meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz, dizendo também a Jerusalém: Tu serás edificada; e ao templo: Tu serás fundado (Is 44. 24 - 28 ACF). 
O poder de Deus em cumprir sua boa Palavra e restaurar Jerusalém é evidenciado na criação. Se sua palavra fez com que todas as coisas viessem à existência, segue-se que ela é igualmente poderosa para resgatar o povo. Com o mesmo poder Deus decreta que Ciro será libertador do povo, e mais, que dele sairá a ordem para edificar Jerusalém.
Eu fiz a terra, e criei nela o homem; eu o fiz; as minhas mãos estenderam os céus, e a todos os seus exércitos dei as minhas ordens. Eu o despertei em justiça, e todos os seus caminhos endireitarei; ele edificará a minha cidade, e soltará os meus cativos, não por preço nem por presente, diz o Senhor dos Exércitos (Is 45. 12, 13 ACF). 
Daí que não seja inviável que esta profeccia tenha sido proferida cerca de duzentos anos antes dos acontecimentos e que o nome de Ciro apareça aqui. Fora a criação, a queda, o dilúvio, as narrativas patriarcais formam o eixo doutrinário do livro.

Em Cristo, Marcelo Medeiros. 

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