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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Como Você Gostaria de Ser Lembrado Após a Sua Morte?




Recentemente me fizeram esta pergunta. Como Você Gostaria de Ser Lembrado Após a Sua Morte? Como uma pessoa polêmica, ou legal, educada? Minha sincera opinião é de que não posso contar com a opinião das pessoas para pautar minha conduta, antes devo me conduzir pela minha consciência.

Voltanto a pergunta Deus do céu! Como este tipo de pergunta tosca me faz sofrer. Confesso que fiquei muito embaraçado em responder. Não porque não tivesse uma resposta, mas por causa do nível cultural, filosófico e bíblico da pessoa. Busquei não ferir a mesma. (Não se engane, um dos fardos de ser uma pessoa que tenha leitura básica, e com o mínimo de senso crítico, é o risco de ser constantemente interpretado pelos outros como alguém arrogante, e com isto ferir o ego do outro). Mas aqui neste espaço me sinto livre, não para ferir, mas para expor a minha opinião, que não é nada pessoal, mas bíblico e filosófico.

Minha percepção é que a natureza dos homens, em virtude da queda, é de maneira tal que na verdade pouco se importam com que as demais pessoas realmente pensam deles. O problema se dá quando o pensamento se torna público (é o caso, por exemplo da pessoa que me fez esta pergunta). É isto que faz com que um chefe, ou qualquer pessoa que julgue ter um poder, em função da posição que ocupa, oprima deliberadamente, ou pratique injustiças com o seu subordinado, por exemplo. A única coisa que o para é a força da opinião dos demais.

Uma leitura básica nos escritos de Shoppenhauer, Pascal, Montaigne é reveladora com relação a isto. Para Pascal é o amor próprio que move os homens a construírem uma imagem pública nada condizente com aquilo que de fato são. E pior, quanto menos são, mais buscam parecer ser e ser vistos como exatamente aquilo que nem de longe o são. Pior, exigem que os demais o sejam. Em nossa sociedade isto é usualmente chamado de hipocrisia. Sua fonte: a escravidão natural dos homens em relação à opinião alheia.

Shoppenhauer tem sido meu companheiro de horas de solidão. Com ele tenho aprendido algo do qual sempre desconfiei. Quanto mais se estuda, mais estranho o ser humano tende a ser aos olhos dos demais homens. Sempre me senti um extra-terrestre, e sempre fui tachado das alcunhas mais estranhas possíveis. Coisas que nos ensinam a não dar a mínima para a opinião alheia.

Indo nas fontes da tradição católica (Padre Antônio Vieira), percebo em seu segundo sermão do Advento que aqueles que se humilham e penitenciam de seus pecados são imunizados da tirania da opinião alheia. O julgamento dos homens, diz Vieira condena Cristo, João Batista e acrescento: Estevão. Já o julgamento de Deus absolve Davi, e o ladrão da cruz. Daí que mais importante não é o que os homens pensam de mim neste vida e muito menos após minha morte, mas o que Deus pensa.

Indo as fontes bíblicas (não que Vieira não tivesse sido bíblico nas suas asseverações), percebo que o questinamento faz menos sentido ainda. Primeiro, o mundo decididamente não é justo. Homens como Jesus e Paulo foram tidos como escória deste mundo. Segundo para quem morre como ladrão da cruz e vai para o céu, pouco importa o mau conceito dos homens, o mesmo pode ser dito de alguém que é altamente conceituado, mas que ouve de Deus apartai-vos de mim, pois não vos conheço.

Não quero dizer com isto que não me preocupe em ser ético. Não! minhas decisões são tomadas com base na ação de pensar em como elas afetam outras pessoas. Mas quando se passa pela experiência de ser taxado de louco, ou passar por bullying pelo simples fato de artes, leitura, estudo, e assumir isto publicamente. Nada mais afeta tanto.

Há também aqueles casos em que ser crítico equivale a ser errado aí a opinião dos demais é mandada às favas. honestamente sempre odiei homenagens póstumas. As pessoas tem de serem reconhecidas em vida. Mas ao que parece este não é um hábito nosso. A mim serve de consolo que Deus não é injusto para se esquecer de nossas ações (Hb 6. 9). Cada vez mais desiludido com um mundo que paga aos ímpios como se fossem justos e trata os justos como se ímpios fossem, sigo com a esperança de que Deus dará a cada um segundo a suas obras.

Marcelo Medeiros. 

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