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domingo, 22 de fevereiro de 2015

O Deus que intervém na História - estudo incompleto




Os léxicos, via de regra, definem a História como sendo o ramo da ciência que se ocupa de registrar cronologicamente, apreciar e explicar os fatos do passado da humanidade em geral, e das diversas nações, países e localidades em particular. Em razão da ciência moderna ser feita a partir de pressupostos naturalistas toda e qualquer intervenção sobrenatural é excluída. Daí que enquanto disciplina acadêmica a história não leve em consideração a ação de Deus, algo que não pode ser quantificado, mensurado, ou observado em um telescópio. 



Mas conforme afirmado aqui, um dos pressupostos do Livro de Daniel é a intervenção de Deus na História da humanidade [aqui e aqui] e não há nada em definitivo que comprove a inviabilidade da mediação de Deus com os homens no curso histórico (embora hajam teólogos que no lugar de propor uma história sob o prisma da mediação divina, propõem uma metahistória). Meu percurso no presente estudo se dará da seguinte forma: falarei a respeito do Deus e depois de sua intervenção na história. 



O CONTEXTO



O contexto do presente estudo se dá na Babilônia, terra em que se desenvolveu a ciência da oniromancia. Tal se deu pela compreensão cultural e histórica de que os sonhos eram uma forma de comunicação entre Deus e os homens [aqui], fato este comprovado pelo relato das Escrituras (Gn 20. 3; 41. 25, 28). No auge do seu reinado Nabucodonozor teve um sonho com uma estátua composta de uma gama de metais (ouro, prata, bronze, o que talvez tivesse dado à imagem nada comum, um tom bizarro), e em razão deste teve seu espírito perturbado. 



Usando de artimanha (talvez pelo medo de ser engando com quaisquer artimanhas) o rei em apreço propõe um desafio aos sábios, mas não conta o teor, ou o conteúdo do sonho. O maior problema é que diante da impotência dos sábios em revelar o conteúdo e o sentido das visões noturnas que perturbavam o rei, este os ameaçou com a morte (Dn 2. 12, 13). 



Uma observação a ser feita é a de que este relato sucede ao relato da fidelidade de Daniel e seus amigos, em que os mesmos testados quanto ao compromisso com a lei, e imediatamente honrados por Deus, visto que o texto diz: entre todos os jovens não houve outros que se comparassem a Daniel, Ananias, Misael e Azarias [...] em todas as questões de sabedoria e discernimento sobre as quais os consultava, o rei os achava dez vezes superiores a todos os magos e adivinhos do seu reino inteiro (Dn 1. 19, 20 Bíblia de Jerusalém). 



Aqui há que se observar que a suposta capacidade de interpretação dos sonhos não é algo inerente aos jovens em apreço, mas uma graça divina, visto que o texto afirma: a estes quatro jovens Deus concedeu a ciência e a instrução nos domínios da literatura e da sabedoria. Além disto, Daniel era capaz de interpretar qualquer sonho, ou visão (Dn 1. 17 Bíblia de Jerusalém). Creio que os personagens envolvidos na trama do livro sabiam este caráter de Deus, tanto que diante do decreto do rei (que ameaçava a vida dos mesmos), puderam orar a buscar misericórdia. Isto nos leva ao Deus que intervém. 



O DEUS QUE INTERVÉM



Quem é Deus no livro de Daniel, mais precisamente no texto com o qual eu, você professor de Escola Bíblica e demais estudantes estamos,lidando? Esta é a primeira pergunta que precisa ser feita. O Deus que intervém é um Deus dadivoso. Segundo as observações feitas acima, Deus já havia dado aos jovens sabedoria, erudição e arte de interpretar sonho em ambiente especializado (Dn 1. 17, 19, 20). Pois é Iahweh quem dá a sabedoria; da sua boca procedem o contentamento e a inteligencia. Ele guarda para os retos a sensatez, é escudo para os que andam na integridade (Pv 2. 6, 7 Bíblia de Jerusalém).



Ele é misericordioso. Foi esta convicção que auxiliou a Daniel e seus companheiros na evocação do compromisso de interpretar o sonho do rei, uma vez que sua misericórdia já havia sido demonstrada quando Daniel e seus amigos foram testados e rejeitaram as iguarias do rei, e Deus como resposta fez com que eles se tornassem mais sábios que os babilônios. 



Deus é sábio. Sim, sua sabedoria é profunda, seu poder é imenso. Quem tentou resistir-lhe e saiu ileso? (Jó 9. 4 NVI). O próprio Deus perguntou para Jó: Quem é que tem sabedoria para avaliar as nuvens? Quem é capaz de despejar os cântaros de água dos céus? (Jó 38. 37 NVI). A sabedoria de Deus revela sua majestade na condução do curso da história.


O Deus que intervém é o mesmo Deus que revela o que há de acontecer. Sim, tal como ocorre com Daniel, é perceptível, da parte de José, a ideia de que quem está á frente dos acontecimentos é Deus, e como soberano, em um ato de graça revelou ao Faraó os acontecimentos futuros. O sonho de Faraó é um só; o que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó (Gn 45. 25 ACF). E mais uma vez ele diz:o que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó (Gn 41. 28 ACF). Na percepção de José o sonho foi repetido duas vezes a Faraó, é porque esta coisa é determinada por Deus, e Deus se apressa em fazê-la (Gn 41. 32 ACF).

Marcelo Medeiros

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