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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Lição de EBD n° 11: Uma Vida Cristã Equilibrada


Definimos a vida como o período de incessante atividade, visto que a mesma é a expressão, ou o resultado da atuação dos órgãos que concorrem para o desenvolvimento e conservação dos animais e vegetais. Mas vida é bem mais do que o espaço de tempo compreendido entre o nascimento e a morte. Daí que usemos esta expressão para nos referirmos ao modo de vida do cristão. O equilíbrio é a principal marca do cristão. Embora o termo não apareça nas Escrituras ele é devidamente representado por meio da palavra moderação, que é a virtude de permanecer na exata medida; comedimento, ou o de todo e qualquer excesso. Mas qual é o segredo para uma vida equilibrada?
1) Razoabilidade
Razoabilidade talvez seja um neologismo, visto que não encontro esta palavra nas pesquisas nos dicionários on line. Mas ela é sinônima de equidade, e na verdade é a melhor tradução para o grego το επιεικες (to epeikes), cujo sentido é o de ser razoável nas opiniões e julgamentos, podendo também ser empregada para expressar a capacidade de passar por injustiças e maus tratos confiando em Deus, e sem ódios e rancores no coração.

De fato, ser razoável é o mesmo que ser conforme à razão, ao direito ou à equidade. Se Paulo pede que esta qualidade seja reconhecida de todos, ele o faz em vista dos seus sofrimentos pessoais e do padecimento da comunidade. O fato é que em meio às injustiças que passamos na vida esta qualidade nos serve de força motriz para produzir em nós a devida estabilidade diante das situações mais adversas.

Não temos, de nós mesmos, a devida potencialidade para desenvolver tal virtude, mas o Espirito de Deus, conforme disse Paulo, nos auxilia em nossas aflições com gemidos inexprimíveis (Rm 8. 26), para que possamos aprender a confiar em Deus e desenvolver julgamentos e opiniões moderados, cheios de equidade.
2) Eliminando a ansiedade
A Psicologia considera a Ansiedade uma atitude emotiva concernente ao futuro e que se caracteriza por alternativas de medo e esperança; medo vago adquirido especialmente por generalização de estímulos. Via de regra a pessoa que está carregada de ansiedade não sabe por quais motivos se encontra ora muito motivada, ora com medo de tudo. A ansiedade é vista como algo positivo na Psicologia, a despeito da advertência de Cristo, para que não andássemos ansiosos. Mas os próprios psicólogos reconhecem que se esta não for devidamente regulada, pode levar ao desequilíbrio.

No sermão do Monte, Cristo apresenta algumas razoes para que não sejamos ansiosos. Em primeiro lugar: o Deus que dá a vida e provê o desenvolvimento corporal é suficientemente poderoso para dar o mantimento e a vestimenta. Em segundo lugar, a providencia divina é evidenciada no cuidado divino para com a natureza, e da mesma forma pode Deus cuidar daqueles que são objeto do seu amor. Por último, Jesus adverte aos seus discípulos a que busquem o Reino de Deus, com a promessa de que por acréscimo nos serão dadas tanto a vida quanto o mantimento (Mt 6. 25 - 34).

Talvez o leitor possa me arguir da seguinte forma: "tudo bem pastor, mas a vida moderna é muito mais complexa". Mas se observarmos o contexto no qual Cristo falou e o compararmos com o contexto moderno, veremos que a matriz é a mesma. No fundo, no fundo, o homem moderno ainda é movido pela necessidade de subsistir, sendo que este deposita sua subsistência no sucesso profissional, acadêmico, e quanto mais persegue estas coisas mais as vê distante.

As palavras do Salmista são fortes, entregue suas preocupações ao Senhor, e ele o susterá; jamais permitirá que o justo venha a cair (Sl 55. 22 NVI). Tanto no ensino de Cristo, quanto no ensino de Paulo, a ansiedade demasiada pode ser equilibrada por meio da busca pelo Reino de Deus, que Paulo chama de oração (Mt 6. 25 - 34; 7. 7 - 11; Fp 4. 6, 7). Pedro nos convida a lançar sobre Deus a nossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de nós (I Pe 5. 8).
3) Vida de oração
O conselho paulino é: em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os seus corações e as suas mentes em Cristo Jesus (Fp 4. 6, 7 NVI). É por meio da oração e das suplicas que fazemos os nossos pedidos a Deus, e ao pedirmos, o fazemos apresentando nossa ação de Graças.

Aqui se faz necessário destacar a palavra ευχαριστιας (Eucharistias), a indicação da mesma é muito mais do que uma fórmula litúrgica das orações. ευχαριστιας é indicador de uma atitude mental, que nos remete à razoabilidade conforme falado supra. Por meio da oração contrabalançamos as nossas petições com o reconhecimento das ações de Deus no passado.

Há um salmo davídico que nos orienta a este respeito. Bendiga ao Senhor a minha alma! Bendiga ao Senhor todo o meu ser!  Bendiga ao Senhor a minha alma! Não esqueça de nenhuma de suas bênçãos! (Sl 103. 1, 2 NVI). Aqui cabe observar que nenhum dos benefícios divinos pode ser esquecido. É neste jogo de forças entre a petição confiante, e a Ação de Graças, que a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guarda os nossos corações e as suas mentes em Cristo Jesus.
4) Pensando em coisas excelentes
Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas (Fp 4. 8 NVI).
O verdadeiro (αληθη [aletee]), não é somente aquilo que é de conformidade com a natureza das coisas. Não estamos falando aqui da teoria da correspondência da verdade de Platão. Por verdadeiro aqui entendemos aquilo que é genuíno, puro, sem mistura, sem alteração. Por sua vez a expressão αγνα (agna), puro, pode ser compreendida como os elementos de purificação cerimonial da antiga dispensação, indicando com isto, que a santidade começa com a pureza dos pensamentos nos quais nossa mente se vê envolvida.

Uma variante desta mesma palavra aparece em Fp 1. 16 para indicar a falta de pureza dos que pregam a Cristo por emulação. De forma que ουχ αγνως (ouch hagnos), é traduzido aqui por não puramente. Se nossos pensamentos forem puros todas as nossas ações o serão, inclusive as nossas práticas no Evangelho.

Chamamos de σεμνα (semna), aquilo que é nobre, digno de estima, ilustre, notável. No caso do ?Evangelho, poucos são os de nobre nascimento (I Co 1. 26). Mas ao que tudo indica, aos olhos do Senhor a nobreza pouco tem a ver com nascimento, ela tem mais a ver com atitude interior, daí o profeta afirmar: o homem nobre faz planos nobres, e graças aos seus feitos nobres permanece firme (Is 32. 8 NVI). A ideia de firmeza e estabilidade aparece ao lado da ideia de estabilidade.

Nossos pensamentos devem estar focados naquilo que é amável (προσφιλη [prosphilee]), agradável, que atrai o louvor de Deus e dos homens. Também tem de estar focando no que é digno de louvor, no que é moralmente excelente (αρετη [arete]). São estas coisas que nos permitem viver de forma firme e inabalável.
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.  

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