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terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Meninos e Meninas



O texto de hoje e a dimensão que o assunto tem ganho nas redes sociais demandam que eu comece com um posicionamento. Não sou favorável à re-engenharia social. Esta consiste na formação de laboratórios sociais que visem mesclar, hibridizar os gêneros masculinos e feminino, transformando o mundo e a sociedade em uma espécie de Admirável Mundo Novo. 

Todavia, sou favorável sim ao Ensino e à discussão de Gênero que vise questionar o papel a ser exercido por gays, lésbicas, travestis, transsexuais em nossa sociedade. Isto significa que sou um cristão inclusivo? De forma alguma! Mas perceba uma coisa: odeio o cigarro, me irrito facilmente perto de pessoas que fumam, mas nem por isto faço campanha para que fumantes sejam descriminados. 

O fato de eu considerar algo como um vício moral, graças à Deus, não me dá poderes para cercear os direitos das pessoas, nem impedir que as mesmas lutem por maiores direitos. Peço perdão pela analogia acima. Sei que no caso do cigarro é comprovado cientificamente que o mesmo faz muito mal para a saúde das pessoas, algo que não ocorre no caso da homossexualidade. Mas foi a comparação que me veio à mente. 

Com Relação aos cidadãos LGBTQ+, nossa sociedade precisa de ver os mesmos como cidadãos de direito, e os proponentes das "questões de gênero" viram na discussão da temática uma instrumental para que tal ideia fosse reforçada na formação dos educandos da sociedade atual. Não quero com isto dizer que a não houve e que não existem distorções. Considero uma distorção tremenda um professor e os alunos de um colégio tradicional usarem saias para exemplificar a "questão de gênero". Chocou? Sim, mas criou distorções na mente de boa parte de pais. Mas este é um outro assunto. 

O que me interessa aqui neste post é discutir as últimas falas de Damares Alves, atual ministra da mulher, da família e dos direitos humanos. Meninas vestem rosa e meninos vestem azul. Para mim, o maior desastre foi justamente a justificava que ela deu de que a fala dela era uma metáfora contra a ideologia de gênero. 

Minha crítica a esta senhora, que se apresenta como advogada, educadora e pastora, é em primeiro lugar o fato de ela ser a junção de duas coisas incompatíveis, política e pastorado. Segundo a critico em razão de sua militância contra a ideologia de gênero, uma militância que mais marginalizou os professores, do que trouxe esclarecimentos sobre a questão. 

Neste ponto o prejuízo foi grande demais. Gente que jamais leu uma única vírgula sobre a temática se apegou às palavras da então pastora de forma dogmática. Tive debates no Facebook em que mesmo após expor bibliograficamente a questão o oponente optava pelas falas da Damares e do Augusto Nicodemus Lopes, e ainda me acusou de estar denegrindo o que ele chamou de pessoas de moral ilibada. 

Aqui aparece um outro problema. Nós evangélicos amamos confissões de Fé, dogmas, regras, figuras de autoridade. Daí que raramente o pensamento crítico tem voz, vez, ou lugar em nosso meio. É esta a razão pela qual tudo o que os defensores de Damares Alves tiveram a falar das críticas feitas à atual ministra foi "mimimi". 

Esta mesma geração acreditou em cada palavra de Damares Alves a respeito de Ideologia de Gênero sem conferir com uma única bibliografia, com um único site de faculdade, ou mesmo do MEC. Tanto e Excelentíssima senhora ministra quanto o povo que acredita cegamente na fala dela (sendo evangélico, ou não), são e serão responsáveis pela onde de ignorância e ódio que se espalha em torno da questão. 

Terceiro, da mesma forma que reconheci ter havido distorções na compreensão das questões de Gênero, é preciso que se faça uma outra crítica às falas da Ministra Damares Alves a respeito da temática. Ela transformou excepcionalidades em "cotidiano". Com isto a imagem da educação pública é a de um laboratório sexual, e que por conta disto deixa de cumprir a sua função de preparar os alunos para o mercado de trabalho. Quando na verdade, se isto fosse verdade, seria crime por parte de professores. 

Por último, a Exma. Sra Ministra Damares Alves é "terrivelmente cristã", uma fala em que no atual contexto pode ser interpretada como "um chamado à guerra". O "sou cristã convicta" bastaria, mas tenho lá minhas razões para crer que boa parte dos cristãos da atualidade são tudo, menos cristãos convictos. Mais do que convictos, precisamos de cristãos radicais (no sentido de raiz). 

Cristão raiz é aquele que sabe que não vai cristianizar a sociedade, que não vai converter todos os gays e lésbicas, mas que com seu caráter (cada vez mais parecido com o de Cristo), sabe que vai deixar suas marcas na sociedade, e nossa política precisa de tais. A desbancada Evangélica não dá mais conta disto. Na verdade os Felicianos e Takayamas da vida são negação de Cristo e de seu Evangelho. 

Um cristão radical sabe que assim como guardaram as palavras de Cristo, guardarão as dele, e zela pelo que fala, coisa que a ministra no afã de expor o que havia e há em seu coração não fez. O resultado está ai. Fica aqui a minha oração que de alguma lição venha sobre a vida da mesma, afinal, teremos mais quatro anos pela frente (na verdade três anos onze meses e vinte e dois dias), quem sabe?

Marcelo Medeiros, em Cristo Jesus. 

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