Pesquisar este blog

sábado, 8 de julho de 2017

O Único Deus verdadeiro e a criação


Segundo James Crenshau os israelitas nunca fizeram a mais decisiva das perguntas a respeito do ser, eles dão a questão do ser como algo dado. E mais a identidade humana dá-se a partir da existência mais do que óbvia deste SER. Do mesmo modo há inúmeras declarações de que há um único Deus. Mas exatamente por darem a existência de Deus como um dado que não há demonstrações sistemáticas da existência do mesmo. 

Desde Santo Tomás de Aquino tem sido uma via normal tomar a natureza e a organização da mesma como prova da existência de Deus. Este é o caminho de apologistas evidencialistas como Norman L. Geisler. O próprio R. C. Sproul aponta a necessidade de uma escolha entre Kant e Aquino. Ele o faz em sua Filosofia para Iniciantes. A leitura destas palavras fez com que optasse por Pascal, para quem somente por meio de Jesus Cristo, Deus pode ser acessado e conhecido. Estas são algumas abordagens a serem feitas no presente post com a ajuda de Deus. 

Biblicamente falando a existência de um único Deus é temática predominante da teologia do Deuteronômio. Não entrarei em maiores detalhes a respeito de data e autoria. Mas ao que parece Israel sai do Henoteísmo (que é o serviço exclusivo à Iahweh, para o monoteísmo, e o texto que segue abaixo transcrito deixa isto muito claro. Em algum momento Israel creu que os deuses das demais nações fossem deuses. A confissão de fé deuteronomista solapa com esta crença. 
A ti te foi mostrado para que soubesses que o Senhor é Deus; nenhum outro há senão ele [...] Por isso hoje saberás, e refletirás no teu coração, que só o Senhor é Deus, em cima no céu e em baixo na terra; nenhum outro há (Dt 4. 35 - 39 ACF). 
Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor (Dt 6. 4 ACF).
Saberás, pois, que o Senhor teu Deus, ele é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos (Dt 7. 9 ACF).
Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão (Dt 32. 39 ACF).  
A criação é biblicamente ligada à eleição de Abraão, e ao fato de haver um único Deus.
Só tu és Senhor; tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto neles há, e tu os guardas com vida a todos; e o exército dos céus te adora. Tu és o Senhor, o Deus, que elegeste a Abrão, e o tiraste de Ur dos caldeus, e lhe puseste por nome Abraão (Ne 9. 6, 7 ACF). 
Mesmo admitindo a  existência de outros deuses, os poetas afirmam que nenhum deles é similar a Iahweh.
Entre os deuses não há semelhante a ti, Senhor, nem há obras como as tuas. Todas as nações que fizeste virão e se prostrarão perante a tua face, Senhor, e glorificarão o teu nome. Porque tu és grande e fazes maravilhas; só tu és Deus (Sl 86. 8 - 10 ACF). 
Neste texto ainda se admite a possibilidade de outros deuses, embora já exista o conceito de que os deuses das nações são obra das mãos dos homens.
são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não falam; olhos têm, mas não vêem. Têm ouvidos, mas não ouvem; narizes têm, mas não cheiram. Têm mãos, mas não apalpam; pés têm, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta (Sl 115. 4 - 7 ACF).
Mas os profetas não deixarão margem para dúvida alguma. Pelo contrário, neles se afirmará:
Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, e meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que eu sou o mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá. Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador (Is 43. 10, 11 ACF).
Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus. Não vos assombreis, nem temais; porventura desde então não vo-lo fiz ouvir, e não vo-lo anunciei? Porque vós sois as minhas testemunhas. Porventura há outro Deus fora de mim? Não, não há outra Rocha que eu conheça  (Is 44. 6, 8 ACF). 
Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças; Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro. Assim diz o SENHOR: O trabalho do Egito, e o comércio dos etíopes e dos sabeus, homens de alta estatura, passarão para ti, e serão teus; irão atrás de ti, virão em grilhões, e diante de ti se prostrarão; far-te-ão as suas súplicas, dizendo: Deveras Deus está em ti, e não há nenhum outro deus (Is 45. 5, 6, 14 ACF).  
Esta mesma fórmula se repete no Novo Testamento.
Aproximou-se dele um dos escribas que os tinha ouvido disputar, e sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor (Mc 12. 29 ACF).  
Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só (I Co 8. 4 ACF).  
Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós (Ef 4. 4 ACF).  
Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem (I Tm 2. 5 ACF).  
Mas como ele se relaciona com a criação? Em primeiro lugar é biblicamente afirmado que Deus é o criador dos céus a da terra.
No princípio criou Deus o céu e a terra (Gn 1. 1 ACF).
Que foram feitos pela Palavra de Deus.
Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca (Sl 33. 6 ACF).  
Louvem o nome do Senhor, pois mandou, e logo foram criados (Sl 148. 5).
Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente (Hb 11. 3 ACF).
perceba que o entendimento de que os céus e a terra são obra das mãos de Deus procede de fé. Pela pura e simples razão não se alcança tal entendimento. Faço uso da expressão pela pura e simples razão, por entender que a fé não se opõe ao intelecto.  A expressão νοουμεν (noomen), advém do verbo νοιέω (noiéoo), cujo sentido é o de exercitar a mente, observar, perceber, entender, compreender. Na mentalidade dos autores bíblicos não existe oposição entre fé e entendimento. 


A Bíblia também dá a entender que Deus se distingue de sua criação, embora se faça presente na mesma, não se confunde com esta. Ele é eterno, mas a sua criação passará. 

Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles se envelhecerão como um vestido; como roupa os mudarás, e ficarão mudados. Porém tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim (Sl 102. 25 - 27 ACF).  
É igualmente afirmado que a criação é mantida e sustentada pelo próprio Deus. Na Teologia Sistemática de Berkoff o autor abre uma discussão a respeito da dinâmica de vida e morte na criação. Mas é com Adauto Lourenço que vem luz sobre a matéria. Por estar ligada ao tempo, a matéria é sujeita à mudança. Se é assim, como explicar a entrada da morte através do pecado, conforme se vê na cosmovisão bíblica. 

Adauto Lourenço afirma que a matéria, como toda a criação foi feita para ser sustentada por Deus. Assim, o norte estende sobre o vazio; e suspende a terra sobre o nada (Jó 26. 7 ACF), faz subir os vapores das extremidades da terra; faz os relâmpagos para a chuva; tira os ventos dos seus tesouros (Sl 135. 7 ACF), Jeremias diz que: fazendo ele soar a sua voz, logo há rumor de águas no céu, e faz subir os vapores da extremidade da terra; faz os relâmpagos para a chuva, e dos seus tesouros faz sair o vento (Jr 10. 13 ACF). 

Deus não é somente criador, ele é mantenedor da natureza. Ele faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos (Mt 5. 45 ACF). O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas (At 17. 24, 25 ACF). 

Longe de me por contra a comunidade científica, há que se observar que do ponto de vista cristão é inviável a afirmação de que a natureza seja obra do acaso. Conheço alguns esboços de síntese entre pensamento cristão e científico, mas não abro mão do pressuposto de que o Universo exibe sim uma inteligência ímpar. Não há espaço para o acaso. Neste estudo faço algumas observações que julgo pertinentes a respeito da criação, mas citarei uma fala a respeito da inteligência da criação. 
Sir James Jeans, o famoso astrônomo britânico disse certa vez: “o universo parece ter sido desenhado por um matemático puro”. Joseph Campbell escreveu também sobre “a intuição de uma ordem cósmica matematicamente definível”. Contemplando a ordem da Terra, do Sistema Solar e do Universo estelar cientistas e estudiosos concluíram que o grande projetista não deixou nada para o acaso.A inclinação da terra, por exemplo, de 23 graus, produz as nossas estações. Os cientistas dizem-nos que, se a terra não tivesse a inclinação que tem, os vapores dos oceanos mover-se-iam para norte e sul cobrindo os continentes de gelo. Se a lua estivesse a 80 mil quilômetros da terra, em vez de 320 mil, as marés seriam tão enormes que todos os continentes seriam submergidos pela água – até as montanhas seriam afetadas pela erosão. Se a crosta terrestre fosse apenas três metros mais grossa, não haveria oxigênio, e sem ele toda vida animal morreria. Se os oceanos fossem uns poucos metros mais profundos, o dióxido de carbono e o oxigênio teriam sido absorvidos e nenhuma vida vegetal poderia existir. O peso da terra estimado em seis sextilhões de toneladas (isto é um seis seguido de vinte e um zeros). Ela tem, ainda assim, um equilíbrio perfeito, e gira com facilidade em torno do seu eixo. Ela revolve diariamente à razão de mais de mil e seiscentos quilômetros por hora, ou quarenta mil quilômetros por dia. Num ano isto dá mais de catorze milhões de quilômetros. Considerando o extraordinário peso de seis sextilhões de toneladas, girando a essa fantástica velocidade ao redor do seu eixo invisível, as palavras de Jó 26. 7 assumem significado sem paralelo: “Ele ... faz pairar a terra sobre o nada”. Jó nos convida ainda a meditar sobre “as maravilhas de Deus” (Jó 37. 14). Considere o sol. Cada metro quadrado da superfície do sol emite constantemente um nível de energia de cento e trinta mil cavalos força (isto é aproximadamente 450 motores de oito cilindros [...]. Ainda assim o sol é apenas uma estrela menor nos cem bilhões de astros que compõem a nossa via Láctea [...] quando tentamos apreender mentalmente as quase incontáveis estrelas e outros corpos celestes, encontrados na nossa Via Láctea, apenas, somos levados a ecoar o hino de louvor de Isaías ao poderoso criador: “Levantai ao alto os olhos e vede. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair o seu exercito de estrelas, todas bem contadas, as quais ele chama pelo nome, por ser ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a faltar (MANNING, 2005).
Norman L. Geisler aponta para uma infinidade de fatores em seu livro Não Tenho Fé Suficiente para ser Ateu. A perspectiva é tomista, visto que o autor é um tomista. A despeito da fala de Sproul, para quem há de se fazer uma escolha entre Santo Tomás de Aquino e Kant (que desestabilizou a maioria dos argumentos que demonstravam a existência de Deus). Para mim existe a via do meio: Pascal. 

Para Pascal a natureza só revela Deus para quem tem a luz da fé acesa em seu coração. Fora disto Deus só pode ser conhecido por meio de Jesus Cristo. Face ao que foi dito pelo autor, tudo o que posso dizer é que sem a graça a revelação da natureza se transforma em sensação estética. 

Sobre o Evolucionismo: não há como negar o surgimento e o desaparecimento de algumas espécimes, a mutação biológica também, ainda que não existam provas de que estas dêem origem a outras espécimes, mas a variações de uma mesma - é o que ocorre entre cachorros, por exemplo - mas este é um longo debate. 

Marcelo Medeiros, em Cristo.   

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Agradeço o seu comentário!
Ele será moderado e postado assim que recebermos.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Créditos!

Por favor, respeite os direitos autorais e a propriedade intelectual (Lei nº 9.610/1998). Você pode copiar os textos para publicação/reprodução e outros, mas sempre que o fizer, façam constar no final de sua publicação, a minha autoria ou das pessoas que cito aqui.

Algumas postagens do "Paidéia" trazem imagens de fontes externas como o Google Imagens e de outros blog´s.

Se alguma for de sua autoria e não foram dados os devidos créditos, perdoe-me e me avise (blogdoprmedeiros@gmail.com) para que possa fazê-lo. E não se esqueça de, também, creditar ao meu blog as imagens que forem de minha autoria.