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sábado, 29 de abril de 2017

Greve Geral uma Avaliação


Um dia após o movimento de greve programado para o dia 28 de Abril do corrente ano venho a este espaço expor a minha opinião a respeito desta articulação. Em 2013, escrevi este artigo com o intuito de avaliar a posição politica da nação. Os movimentos desencadeados pelo aumento das tarifas de ônibus, insatisfação com os serviços públicos nas áreas de segurança, saúde e educação me surpreenderam. A surpresa deu-se em razão da famosa letargia e indicava sinais de mudança de status político. algo do tipo de deitado eternamente em berço esplêndido para verás que um filho teu não foge à luta.

Em outra avaliação fiz um diagnóstico presente já nas manifestações, e publiquei neste artigo aqui. O Brasil não sabe esperar do verbo esperançar, nem equilibrar-se na esperança. Falta a perseverança nas manifestações, falta organização de classe, senso de luta por ideais. Vi gente reclamando de obstruções nas vias estaduais, e do transtorno para chegar ao local de trabalho. Reclamação injustificável em meio a uma convocação a uma greve geral contra as medidas anti trabalhistas e anti populares do presidente Michel Temer.

Face a tal fato sou levado a concluir que: ou as pessoas não entenderam a motivação da greve, ou simplesmente não entendem o que está acontecendo no cenário político e econômico, ou sofrem de idiotia (busca por interesses pessoais acima dos sociais). Esta, aliás tem sido uma das falhas mais cruéis de nossa democracia.

Uma classe a ser excluída da observação acima é a dos empreendedores. Estes sim são os que por não possuírem patrões, carteiras assinadas, não ter quem os obrigue a trabalhar, se vêem obrigados pela necessidade a trabalhar, ainda que prazerosamente, em tempo oportuno e no inoportuno. Ainda assim seria nobre por parte dos mesmos um mínimo senso de solidariedade ao movimento, uma vez que piorando a situação de considerável parcela da classe trabalhadora, de funcionários públicos a dos empreendedores também piora. Daí a necessidade de que se aplique aos tais as observações que farei nas linha subsequentes. 

A democracia grega era exercida exclusivamente por homens livres (livres aqui quer dizer com tempo disponível para deliberar os assuntos da cidade), ficavam de fora os escravos, é lógico, as mulheres e os artesãos. O mesmo se dá com a democracia atual. As discussões são exercidas por estudantes de classe média e quando trabalhadores comuns aparecem no cenário é para se manifestarem favoráveis à reforma da previdência, por exemplo.

Um agravante da democracia atual é que no lugar de um discurso hábil, feito por pessoas treinadas por mestres na retórica e na oratória, tem-se no cenário atual todo um jogo de mídia e um discurso raso e pragmático. Não há como se esperar mais de um país cuja educação é superficial, ao ponto de Filosofia e Sociologia serem paulatinamente excluídas do currículo do ensino médio, e sem manifestação alguma da sociedade. Me pergunto onde foram parar as pessoas que se manifestavam avidamente pelo impeachment de Dilma, que iam às ruas com as faixas e com gritos de ordem, dizendo: fora PT, fora Dilmaintervenção militar etc...?

Um outro fator a ser considerado é a questão da idiotia e da cordialidade. No primeiro caso a busca por interesses pessoais suplanta o público, o político. No segundo caso, as emoções comandam a participação no debate público e questões políticas se transformam em discursos pessoalisados; e ser partidário desta, ou daquela política se torna algo como torcer para este, ou aquele time. 

além de tudo o que já foi dito, concluo que o recado foi dado nas ultimas eleições municipais. As abstenções, os votos brancos e nulos, podem ser indicadores de que uma significativa parcela da população deixou de acreditar na via política institucional, daí que manifestações politicamente articuladas como esta de ontem não mais façam sentido, e as pessoas prefiram simplesmente manter seus empregos diante da crise. 

Tem de haver mobilização política sim, ainda que seja de cunho apartidário como se deu nas manifestações de 2013. Não dá para aceitar passivamente nenhuma das propostas que Temer está concretizando. Reconheço que elas estão aí desde o governo de FHC, e que nem Lula, nem Dilma tiveram peito. Como resta pouco, ou nada de carreira política para o sósia do Nosferato, a ele cabe o trabalho sujo. 

Ter de haver resistência ao sistema sim. O leitor talvez não perceba mas lentamente estamos sendo escravizados. Para se ter uma noção da escravidão imposta pelo capitalismo, pergunte a si mesmo e a quem conhece se trabalha naquilo que gosta de fazer, ou se sente vocacionado. Mas este é um assunto a ser tratado em um post a respeito da reforma da previdência. 

Marcelo Medeiros. 

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