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sábado, 1 de abril de 2017

A Formação do Caráter Cristão


Conforme especificado em postagem neste espaço no presente trimestre estaremos estudando em nossas escolas dominicais a respeito do caráter cristão. Na corrente lição a temática estará centrada na formação do mesmo. Sim o caráter cristão não é algo inteiramente espontâneo,  natural, mas algo que é constituído. 

Formar, portanto, consiste em dar forma a algo, dar molde. No seguimento da definição do léxico, podemos ver a dependência mútua entre formação do caráter e educação cristã, uma vez que na busca pela definição de formação desta como: modo de criar uma pessoa, forjando-se seu caráter, sua personalidade e sua educação; criação, educação

Outra extrema felicidade da parte do autor é a definição de caráter como sendo o conjunto das qualidades (boas, ou más), de um indivíduo, e que lhe determinam a conduta e a percepção moral. Éramos mortos, diz Paulo, mas Deus nos ressuscitou e em Cristo nos fez assentar nas regiões celestiais,  mais do que isto nos fez novas criaturas, para que tenhamos um proceder condizente com o plano eterno de Deus (Ef 2. 1 - 10). 

O texto escolhido pelo autor (Ef 4. 17 - 31) dá a entender que este processo de formação do caráter possui três agentes. 1) O próprio Deus que salva o homem para que este seja uma nova criatura, 2) os ministros e os santos em geral cujo exercício do ministério e dos dons dados por Deus, bem como da aplicação da palavra, 3) e o próprio homem, que reage à ação da graça de Deus e da ministração dos dons por meio da comunidade. 

O autor faz em sua fala na revista uma abordagem ao Novo Nascimento como sendo o ponto de partida da formação do caráter cristão. a regeneração é necessária em face da queda. Esta trouxe ao homem uma predisposição contínua ao pecado. C. S. Lewis afirma em Cristianismo Puro e Simples que o maior de todos os pecados não são os da área sexual, moral, ou de comportamento, mas o orgulho. 

O homem que tem um gênio brando por natureza, pode exibir um comportamento social, mais aceitável do que um cristão. Todavia não lhe cabe se gloriar do que não é desenvolvido mediante esforço próprio, do lhe natural, porque lhe foi dado. Mas se o faz, comete o pior de todos os pecados, o do orgulho. Este aspecto ressalta a necessidade de novo nascimento para o desenvolvimento do caráter. 

Mais do que o desenvolvimento de traços pessoais marcados pela excelência, o desenvolvimento do caráter é a assimilação, por parte do cristão das características de Cristo. Ser cristão é ser como Cristo. Este é o ponto, daí que a primeira ação em direção a este propósito nunca parta do homem, mas de Deus. 
Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas (Ef 2. 8 - 10 ARCF). 
A salvação é um presente inteiramente divino, e fé é o que nos habilita a receber este presente. Sem fé a graça não é recebida de forma eficaz. Em nosso livro Se Tiverdes Fé defino a fé como o desespero de si mesmo, o ato através do qual o homem abre mãos de suas capacidades e se lança exclusivamente na dependência de Deus. 

Em nós mesmos nada tínhamos, ou temos para que possamos nos gloriar diante de Deus. Nem o caráter que tanto gostamos de exibir. Pascal dizia que não nos satisfazemos com a vida que temos em nós mesmos, antes queremos viver uma vida na mente das pessoas, daí nossa necessidade de esconder os nossos defeitos e de realçar as nossas qualidades à vista de todos. Mas como diria Vieira do pó viemos e ao pó voltaremos e somos algo entre o pó que fomos e o pó que seremos. Nada de que se gloriar, afinal, a carne é como a erva e toda a sua glória como a flor do campo, diz Isaías (40. 6 - 8). 

Por meio de uma ressurreição espiritual, ou de um Novo Nascimento, o homem é recriado. A expressão  feitura é a tradução do termo grego ποιημα (poieema), de onde vem a expressão poema. Um poema (obra) que foi criado em Cristo para a realização das boas obras que Deus de antemão preparou para que andássemos nelas. 

Esta ideia precisa ser mantida para que se compreenda a antítese entre o andar dos gentios e o andar de modo digno do Evangelho, conforme se vê nestes textos: 
Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados (Ef 4. 1 ARCF), E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente (Ef 4. 17 ARCF). 
Andar nas obras que Deus de antemão preparou para que andássemos nelas, equivale ao procedimento digno do Evangelho, marcado pela humildade, mansidão, paciência e esforço na manutenção da unidade no vínculo da paz (Ef 4. 2, 3). 

Na carta aos Efésios Paulo desenvolve uma eclesiologia. Entre os versos acima citados e o capítulo 4. 16, ocorre este desenvolvimento. A Igreja é uma comunidade de reconciliação entre judeus e gentios, de partilha de uma mesma economia da salvação, afinal judeus e gentios, tem acesso ao Pai em um só espírito e é a morada de Deus em espírito. 

Deus levanta ministros e concede dons aos homens nesta mesma Igreja para que estes trabalhem para o aperfeiçoamento dos santos para a serviço cristão, serviço este que consiste na formação do caráter humano de forma a refletir o caráter de Cristo. Este é o sentido elementar do texto que segue abaixo:
E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; Até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, Do qual todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor (Ef 4. 11 - 16 ARCF). 
Daí a exortação Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem (Ef 4. 29 ARCF), que pode ser acrescida da fala de Pedro, que diz: Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre. Amém (I Pe 4. 10, 11 ARCF).

Por último, há que se levar em conta o trabalho do próprio Cristão. Expressões como: não andeis mais como andam também os outros gentios (Ef 4. 17), vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; E vos renoveis no espírito da vossa mente (Ef 4. 22, 23), vos revistais do novo homem (Ef 4. 24), indicam clara ação por parte do homem.

O ponto de partida e de chegada nesta busca por um caráter similar ao de Deus é a Vivência comunitária.
Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção. Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós, Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo (Ef 4. 29 - 32 ARCF). 
O padrão final é o próprio Deus como Paulo mesmo afirma: Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave (Ef 5. 1, 2 ARCF). Que Deus em Cristo vos abençoe.

Marcelo Medeiros. 

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