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domingo, 14 de fevereiro de 2016

As Bodas do Cordeiro



Bodas do Cordeiro é um termo apocalíptico cujo significado é o de uma celebração da união definitiva entre Cristo e sua Igreja. A dificuldade se encontra em precisar quando tal festa se dará, se nos ares imediatamente após o arrebatamento e o tribunal de Cristo, ou se antes do milênio, ou mesmo após este.

O fato é que bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus (Ap 19. 9 ACF). Esta á uma das últimas das bem-aventuranças do apocalipse. Neste post procurarei fazer um traçado bíblico desta doutrina. Que Deus abençoe a mim e aos leitores nesta empreitada.

AS BODAS NO NOVO TESTAMENTO
Então Jesus, tomando a palavra, tornou a falar-lhes em parábolas, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um certo rei que celebrou as bodas de seu filho; E enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas, e estes não quiseram vir. Depois, enviou outros servos, dizendo: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado, os meus bois e cevados já mortos, e tudo já pronto; vinde às bodas. Eles, porém, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu negócio; E os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram. E o rei, tendo notícia disto, encolerizou-se e, enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade. Então diz aos servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, às saídas dos caminhos, e convidai para as bodas a todos os que encontrardes. E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados. E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu. Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes (Mt 22. 1 - 13 ACF). 
A respeito deste texto pode-se fazer as seguintes observações:
  1. A parábola em apreço é um ensino a respeito do Reino de Deus, particularmente de como ele se manifesta e como os homens o recebem. 
  2. O Reino se manifesta por meio da união de Cristo com seu povo, este ´o significado das bodas do filho do Rei. 
  3. Deus preparou a festa, e enviou os seus servos, os profetas, a convidarem o povo a participar das bodas. 
  4. O povo reage com descaso ao convite e com maltrato aos servos que são enviados a participarem. 
  5. A reação do Rei lembra a invasão romana em Jerusalém, uma vez que descreve cuidadosamente o que ocorreu por volta do ano 70 da corrente era. 
  6. Face à recusa, o convite é estendido aos desvalidos, ou maltrapilhos, como Brennan Manning preferia chamar. 
  7. A despeito do caráter gracioso do convite, a exigência de uma veste nupcial é mais do notória, o homem que não se veste de forma apropriada é lançado nas trevas exteriores, ou σκοτος το εξωτερον (skotos toon exoteron). 
Outro texto que merece a consideração é o da parábola das dez virgens. 
Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. E cinco delas eram prudentes, e cinco loucas. As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram. Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro. Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam. Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos. E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço. Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir (Mt 25. 1 - 13 ACF). 
Alguns elementos que não podem ser ignorados e são de suma importância neste estudo e seguem abaixo.

  1. É um texto que tem de ser lido à luz do contexto do sermão escatológico de Cristo. Assim sendo, este é seguimento da parábola do mordomo prudente (Mt 24. 44 - 51), e como este visa chamar os discípulos à vigilância. 
  2.  A lição desta parábola está na seguinte fala: Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir (Mt 25. 13 ACF). Curiosamente a parábola do mordomo fiel é inciada com estas palavras: Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor. Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa (Mt 25. 42, 43 ACF). 
  3. Na parábola das dez virgens Jesus emprega a imagem do cortejo nupcial, em que o noivo vai de sua casa até a casa da noiva (para a buscar) e regressa trazendo a noiva consigo, até sua casa onde serão celebradas as bodas. De algum modo as virgens representam o cortejo nupcial. 
  4. Em razão do atraso do noivo e da falta de preparo das virgens néscias (que estão sem azeite reserva), estas perdem o momento do cortejo e sao excluídas das bodas. 
Como último texto convém que se veja Ap 19. 6 - 9
E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz de muitas águas, e como que a voz de grandes trovões, que dizia: Aleluia! pois já o Senhor Deus Todo-Poderoso reina. Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos. E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus (ACF). 
O quadro descrito no Apocalipse as bodas do Cordeiro coincidem com a instauração definitiva do Reino de Deus e com o convite feito às nações da terra para que as mesmas se alegrem com a concretização deste mesmo reino. As bodas estão prontas porque a esposa finalmente se aprontou e está vestida com a justiça dos santos. Aqui, bem como nos demais textos a Igreja é a noiva e, ao mesmo tempo convidada. Feitas as observações convém que se veja o papel de Cristo e da Igreja neste enlace.

CRISTO COMO NOIVO
E disse-lhes Jesus: Podem porventura andar tristes os filhos das bodas, enquanto o esposo está com eles? Dias, porém, virão, em que lhes será tirado o esposo, e então jejuarão (Mt 9. 15 ACF). 
Este texto é parte de uma resposta que Cristo dá aos fariseus a respeito da questão do jejum. Este foi durante os tempos bíblicos um sinal de humilhação e arrependimento, visto que os profetas mesmos diziam: Santificai um jejum, convocai uma assembléia solene, congregai os anciãos, e todos os moradores desta terra, na casa do Senhor vosso Deus, e clamai ao Senhor (Jl 1. 14 ACF), ou:
Ainda assim, agora mesmo diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal. Quem sabe se não se voltará e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, em oferta de alimentos e libação para o Senhor vosso Deus? Tocai a trombeta em Sião, santificai um jejum, convocai uma assembléia solene (Jl 2. 12 - 15 ACF). 
Mas nos dias dos fariseus tal prática estava banalizada e havia se tornado um rito exterior. Jesus lehes responde que o momento é de celebração de uma boda, e tal como numa festa, não cabia a prática do jejum na presença de Cristo. Todavia quando este estivesse ausente eles jejuariam. Cristo é o noivo, ou o marido, isto foi afirmado por João o Batista, por exemplo.
Aquele que tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que lhe assiste e o ouve, alegra-se muito com a voz do esposo. Assim, pois, já este meu gozo está cumprido (Jo 3. 29 ACF). 
Indagado a respeito do crescimento do Messias João, o Batista responde que tal como ocorre em uma festa em que os amigos do noivo se alegram quando este se casa João se alegra na mesma medida em que Cristo se une com sua noiva e o Reino se faz cada vez mais próximo. Mas e a noiva?

A IGREJA COMO NOIVA
Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo (II Co 11. 2 ACF). 
Alguns textos acima abordam a dimensão da Igreja como noiva. Na verdade o casamento é uma das imagens que representam a união da Igreja com Cristo. Neste texto em particular Paulo se compara a um genitor dos irmãos e como tal, ele espera cumprir sua missão de apresentar a mesma Igreja como uma virgem pura para Cristo. 

A respeito do casamento como imagem da união entre Cristo e a Igreja há um texto ainda mais singular, aos crentes de Éfeso o apóstolo diz:
Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível (Ef 5. 25 - 27 ACF). 
percebas que:

  1. O amor de Cristo por sua Igreja é a base do relacionamento do amor que tem de haver entre marido e mulher. 
  2. Uma mulher nos tempos bíblicos passava a fazer parte da família do marido. Daí a importância do dote, não como valor de compra, ou instrumento de objetificação da mulher, mas de indenização à família que perdia um componente. Da mesma forma Cristo pagou preço elevado por sua Igreja (Tt 2. 13, 14; I Pe 1. 18 - 20). 
  3. Cristo santifica e purifica sua Igreja por meio de sua palavra, a fim de que esta seja apresentada a si mesmo, como noiva sem defeito e gloriosa. 
CONCLUSÃO

Uma conclusão inicial à luz do que foi dito até aqui é que as Bodas do Cordeiro são o marco da união definitiva entre Cristo e sua Igreja. Ela já se faz no momento presente, mas será algo concreto e definitivo após a Segunda Vinda e o Arrebatamento. Que Deus em Cristo abençoe a todo o seu povo. 

Marcelo Medeiros. 


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