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sábado, 18 de julho de 2015

Oração e Recomendação às Mulheres Cristãs




Neste post pretendo abordar o segundo capítulo da carta de Paulo a Timóteo em que o mesmo fala da oração por todos os homens, tendo em prioridade os que estão em eminência. Em seguida ele apresenta a ação divina em salvar todo o tipo de homem como fundamento da prática, e encerra com a questão feminina. O texto de I Tm 2. 9 - 15 é tido como um texto polêmico em razão da fala de Paulo não ser detalhada. As recomendações de Paulo à Timóteo foram justificáveis em razão do contexto histórico cujo conhecimento era de domínio dos interlocutores. 

EXORTAÇÃO À ORAÇÃO
Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador (I Tm 2. 1 - 3 ACF).
A primeira questão que um expositor do presente texto precisa ter em mente é que ele é sequência das ideias precedentes. A carta de Paulo à Timóteo não foi escrita em capítulos e versículos. Daí a necessidade de leitura contextualizada. O capítulo anterior consiste em uma séria exortação de Paulo à Timóteo, a fim de que este milite a boa milícia do Evangelho, conservando o ensinamento conforme o modelo das sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo [aqui].

Este procedimento demanda por parte do ministro do Evangelho uma verdadeira confiança no poder da Boa Nova. A firmeza só pode ser sustentada por meio da oração. Sim, a oração aliada à exposição fiel do conteúdo da sã doutrina constituem a mola propulsora do verdadeiro crescimento e da salvação de vidas.

Assim Paulo pede de Timóteo que ore. A oração aqui é seguida de súplicas, preces, ações de graças que são dirigidos a Deus em favor dos homens. As expressões δεησεις (deeses) προσευχας (proseuchas), εντευξεις (enteyxeis) e ευχαριστιας (eucharistias) aparecem com razoável frequência nos escritos paulinos e indicam os componentes necessários à prática da oração.

A segunda, a oração tem de ser feita por todos os homens, o que inclui os inimigos e perseguidores dos cristãos. Cristo disse: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam; Bendizei os que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam (Lc 6. 27, 28 ACF). Ele mesmo deu o exemplo na cruz, ao orar pelos seus malfeitores nas seguintes palavras: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem (Lc 23. 34 ACF).

Esta é a mais clara percepção do que seja a perseguição ao Evangelho, ou a verdade deste, não sabem o que fazem. Não que eles ignorem ao conteúdo do Evangelho, mas porque estão presos pelos laços do diabo de forma tal que não conseguem perceber e amar a verdade (II Co 4. 4, 5; II Tm 2. 24 - 26), tornando-se assim perseguidores dos genuínos cristãos.

O exemplo de Jesus foi seguido por Estevão, que ao ser apedrejado orou pelos seus detratores. De acordo com o relato de Lucas no livro de Atos, apedrejaram a Estêvão que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu (At 7. 59, 60 ACF). Alguns exegetas afirmam que Estevão intercedia por Paulo. Independente disto a verdade é que este foi alcançado pela intercessão do servo de Deus.

Terceira questão no afã de orar por todos os homens, o que inclui os inimigos dos cristãos, o crente pode e deve frisar a oração pelos homens que estão em eminência. A esta altura do presente estudo convém perguntar: por que a ênfase na oração pelos perseguidores em um postagem que tem por base um texto em que Paulo recomenda a intercessão por todos os homens, o que inclui os reis e demais autoridades? 

A razão é dada no seguimento do texto. para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador (I Tm 2. 2 ACF). A palavra para vida aqui é βιον (bion), usualmente a palavra de onde vem o termo biologia. Esta é empregada para a vida presente. 

A finalidade da oração aqui é que a Igreja seja plenamente livre para viver a vida em conformidade com a piedade (ευσεβεια [eusebeia]). Piedade é uma das palavras centrais na carta de Timóteo (I Tm 2.2; 4. 7, 8; 6. 3, 5, 6, 11). Consiste na devoção às coisas sagradas que tem em Deus, e principalmente em seu Filho Jesus Cristo o seu centro, Tanto que Cristo é ευσεβειας μυστηριον (eusebeias misterion), ou o mistério da piedade (I Tm 3. 16). 

Viver em conformidade com a piedade é viver em plena identidade e semelhança com a pessoa de Cristo, o que pode trazer conflitos com o mundo. Daí a importância da oração para que a Igreja tenha uma vida sossegada e equilibrada. Voltarei a este assunto posteriormente, mas por enquanto reafirmo o que já tenho afirmado neste espaço: a Igreja evangélica brasileira precisa orar. Ir ao senado discursar é importante? Creio que sim. O mesmo digo com relação a proposta de leis que proíbam o uso de símbolos religiosos em manifestações profanas e provocativas (aqui).

A Igreja de Jerusalém estava em um cenário de perseguição política e religiosa quando orou. Ao orarem o local tremeu e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciaram com intrepidez e ousadia a palavra de Deus. O resultado é que depois da campnha de intercessão até entre os sacerdotes passou a haver quem obedecesse à fé.

REDENÇÃO, A BASE DA INTERCESSÃO
Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade. Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo. Para o que (digo a verdade em Cristo, não minto) fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos gentios na fé e na verdade. Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda (I Tm 2. 4 - 8 ACF). 
Deus não tem prazer na morte o ímpio. Ele mesmo pergunta: Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? diz o Senhor DEUS; Não desejo antes que se converta dos seus caminhos, e viva? (Ez 18. 23 ACF). Todavia em sua justiça estabeleceu a morte como salário para o pecado (Gn 2. 16, 17). A pena por mais cruel que pareça, é na verdade um limitador para a transgressão. Imaginem homens como Hitler, Id Amin, Mao Tsé Tung e Stalin com a imortalidade!

A condição pecadora exige um mediador. Cristo na condição de Deus encarnado supre o quesito como medianeiro, e a carta aos Hebreus esclarece bem esta questão. A dívida contraída em relação ao pecado do homem teve de ser paga e Jesus assumiu a mesma. Por este mesmo motivo Paulo diz que Ele se deu a si mesmo em preço de redenção por todos.

Não entendo o "todos" aqui como sendo a totalidade dos homens. Owen explicou esta questão muito bem, ainda que Geisler a rejeite, fico com Franklin Ferreira e Alan Myatt, Berkoff, e Grüden. Creio que o "todos" aqui seja na verdade todo o tipo de homem, o que seria uma afirmação da possibilidade de Deus salvar todo tipo de homem, sendo Paulo um exemplo vivo. Nas palavras do mesmo: por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna (I Tm 1. 16 ACF).

Cristo pode salvar todo tipo de homem. A escolha de Paulo termina por ser um exemplo vivo desta ação divina. Enquanto Ananias e os demais discípulos o viram como ameaça, Deus o via como um instrumento escolhido para levar o seu nome diante dos reis e dos gentios. Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome (At 9. 15, 16 ACF).

Daí a ênfase na oração. Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda (I Tm 2. 8 ACF). diante da possibilidade de que qualquer um seja um salvo, de que mesmo o mais feroz inimigo do Evangelho venha ser um Instrumento de Deus escolhido para levar as boas novas, cabe aos crentes orarem em toda parte e lugar.

A RESPEITO DAS MULHERES
Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, Mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras. A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação (I Tm 2. 9 - 15 ACF). 

  1. Roupas não salvam, esta é uma verdade inconteste, mas o traje da mulher, e aqui acrescento que o do homem também, tem de  refletir a reverência e a piedade do momento da adoração pública.
  2. às mulheres não é vedado o ensino, mas o exercício da autoridade sobre o homem, e isto em razão de na cidade de Éfeso haver o culto à Diana, ou Artêmis, cujas sacerdotisas possuíam suma influência. Com vistas a evitar confusões entre o culto cristão e a adoração a esta divindade Paulo fez a recomendação acima. 
  3. Os cultos às divindades femininas são a causa de não ter exemplos bíblicos de sacerdotisas na antiga aliança e pastoras e apostolisas e episcopisas na nova.
  4. A reprimenda nos versos 14, 15 apontam para a suscetibilidade humana, e inclusive a feminina em se sentir um "deus". Esta foi a tentação de Satanás sobre Eva, e cuja redenção está em Cristo e no fato de a mulher assumir o seu papel. 
  5. Isto não significa negar à mulher sua importância. Nas pastorais mesmo Paulo fala de mestras no bem, de anciãs e das viúvas que por sua piedade devem ser mantidas pela Igreja (I Tm 5. 6 - 8). Priscila foi obreira de extrema importância no ministério de Paulo (Rm 16. 3 ACF). 
  6. Logo, não há espaço para que se pense que as mulheres deveriam de serem desprezadas no contexto cristão, tal como se dava nos demais contextos sociais do século primeiro. 
a respeito da ordenação e do ministério feminino, reservo esta reflexão para outro momento. 

Marcelo Medeiros. 

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