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segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Discordando de Jonh PIPER


Li  deste autor: Cinco Pontos e o Legado da Alegria Soberana. Concordo em quase cem por cento das colocações de ambos. De igual modo partilho das perspectivas a respeito de família, casamento. Infelizmente desconheço o documento que provocou a crise evangélica destacada neste artigo. Mas faço aqui duas ressalvas. A primeira é a de que estamos em um mundo caído. Logo, é mais do que normal que as pessoas se insurjam contra o modelo bíblico de casamento (falo de Gn 1; 2). A segunda questão é: por ser conservador em alguns aspectos, tenho necessariamente de comprar todo o pacote do conservadorismo, ou dá para selecionar aspectos válidos de ambos os lados? São estas duas questões que pretendo abordar em breves linhas. 

Textos bíblicos como (Gn 1. 26 - 28; 2. 24, 25; Mt 19. 1 - 12; I Co 7; Ef 5. 22 - 31; Cl 3. 17 - 4. 1), sugerem que o modelo bíblico familiar seja: marido,mulher, filhos e a figura do servo, que não existe mais na sociedade atual. Mas uma olhada para a vida de Abraão. Jacó, Davi, Salomão e para as recomendações de Paulo apontam que nem sempre as coisas foram assim, sob o ponto de vista prático. O primeiro é nosso pai na fé (leia exemplo de fé), o segundo, o homem que luta com Deus, o terceiro, homem segundo o coração de Deus, e o último, o mais sábio. 

Escrevo estas palavras cônscio de que em momento algum a Bíblia aprova o erro destes, muito pelo contrário, mais do que condenar aponta para as funestas consequências das escolhas de cada um. Por outro lado foram todos alvo da graça de Deus, antes, durante e após seus respectivos erros. Nem ao polígamos e idólatra Salomão Deus retirou a sua benevolência. É tendo isto em mente que enxergo a questão homoafetiva e questões de gênero. 

(Esta última bastante mal compreendida pelos meus consortes evangélicos. Nem todo homem hétero sexual se enquadra nos modelos de masculinidade.De igual modo nem toda mulher de orientação hétero sexual se enquadra nos modelos de feminilidade vigente na sociedade. Nem todo homem é másculo, e nem toda mulher é magra, alta e classificada como bonita. Este é um ponto da ideologia de gênero cuja validade, tem de ser considerada, por nós cristãos bíblicos evangélicos). 

Voltando à questão homossexual, é preciso levar em consideração os conceitos bíblicos de Pecado e Graça. A homossexualidade é uma condição (se social, inata, aprendida, não cabe o debate aqui), mas se considerada em termos de pecado, é tão pecaminosa quanto o desejo que qualquer pessoa sente, seja na esfera sexual, ou em qualquer outra esfera. Em termos de pecado, não é tão diferente da avareza. Mas por conta da visão que limita pecados à religiosidade e à sexualidade, ela choca mais. 

Para encerrar, posso optar por capitalismo e socialismo, por conservadorismo e progressismo, liberalismo teológico e calvinismo. O que não posso é confundir o Evangelho com tais posições, de forma a torná-lo inviável para quem pense diferente de mim. Claro que as questões pertinentes à sexualidade são importantes dentro de uma moral, mas o caso de Sansão, de Abraão e de tanta gente na Bíblia mostra que a moral, se não muda, varia de caso para caso.

Pecado não se vence com regras morais. Do contrário a cruz não seria necessária. Pecado só pode ser vencido no dia-a-dia e por meio da graça de Deus.Não há diferença entre o pecado de Davi com Bete-Seba e o pecado de um homossexual. Daí a necessidade da Graça, visto que somente esta pode ajudar ao homem a vencer seus desejos. Lógico que Graça não é permissividade, também é poder para sobrepujar a velha natureza, mas nem todos acessam a este tipo de Graça (chamada de especial). 

Acredito (e tenho o anglicano Jonh Stott ao meu lado nesta questão), na possibilidade de um diálogo que seja movido pela convicção de verdades bíblicas fundamentais, levando em conta que em última instância a verdade é o próprio Deus.Creio igualmente na capacidade de ouvir o outro tendo em conta a IMAGO DEI, e a possibilidade de no outro ocorra a manifestação da luz divina, e que esta possibilite acesso à verdade, ainda que em nível elementar. Creio que seja papel de todo o teólogo separar a verdade do erro e que toda ideologia humana tem seu aspecto verdadeiro e suas idiossincrasias. 

Acima de tudo creio que um cristão e pregador do Evangelho não possa ser nem conservador/reacionário e nem politicamente correto. Mas que deva e possa ser, em nome do Evangelho, conservador progressista, e biblicamente correto. E minha oração é a de que Deus ilumine cada dia mais a nós todos para que possamos seguir a regra do Pregador e fugir à tentação dos extremos. 

Abraços e bom dia. Marcelo Medeiros. 

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