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domingo, 15 de outubro de 2017

A salvação e o Advento do Salvador



O termo salvação implica a noção de livramento, libertação. Para Stott, se no tempo de Jesus a salvação possuía correlação com vida eterna, no presente momento, ela se relaciona com a noção de liberdade. Edward  define como sendo a libertação da punição em consequência do pecado, e a admissão na vida eterna, e felicidade no Reino de Cristo, o salvador.


No novo Testamento, dois termos são empregados para expressar o conceito são σωζω (soodzo), e σωτηριον (sooterian, ou sooterion), empregados respectivamente para livramento temporal e espiritual. Tanto o léxico do Novo Testamento grego, de Edward Robinson, as notas exegéticas da Bíblia de Estudo Palavra chave, e o léxico do Novo Testamento grego de Gingrich e Danker, possibilitam o entendimento de que mesmo quando aplicados em relação aos perigos temporais, tais verbetes indicam que o fundo do problema é o pecado.


É sob este prisma que σωζω precisa ser compreendido, uma vez que os evangelistas o empregam para os relatos das curas de Jesus (Mt 9. 21 - 23; Mc 5. 23, 28, 34), livramentos temporais (Mt 8. 21 - 27), e salvação espiritual (Mt 18. 11; Lc 9. 56; 19. 10). Esta introdução se faz necessária em razão de uma maior concatenação entre a lição de escola bíblica e a exegese bíblica.

A razão de ser do advento de Jesus, cujo nome significa salvação, é a salvação dos homens de seus pecados. Isto é afirmado inicialmente no sonho de José, onde o anjo lhe explica a natureza da concepção de Maria.
Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Que estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz; Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco. E José, despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu a sua mulher; E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus (Mt 1. 18 - 25 ACF). 
Neste texto Jesus é ao mesmo tempo aquele que salva o povo dos seus pecados e por isto ele é Deus presente. As expectativas, outrora depositadas na descendência davídica, agora recaem sobre Jesus. Ele é o DEUS CONOSCO. Aqui o alvo da salvação é a nação de Israel, à nação judaica se destina a salvação (γαρ σωσει τον λαον αυτου απο των αμαρτιων αυτων -  porque ele salvará o seu povo dos seus pecados).

Em sucessivos textos dos Evangelhos Jesus identifica a salvação como sendo seu propósito maior.
Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pai que está nos céus. Porque o Filho do homem veio salvar o que se tinha perdido (Mt 18. 10, 11 ACF). 
Neste contexto a pergunta é a respeito de quem é o maior no Reino dos céus, o que faz com que Jesus pegue uma criança e a coloque entre os seus discípulos. Brennan Manning afirma que na época de Cristo, as crianças não eram vista de forma idealizada, mas com desprezo. Jesus identifica o desprezo direcionado às crianças com a situação do pecador perdido, e mais: diz que os que se identificam com os mesmos são o alvo de sua obra.

Neste contexto é inserida a parábola da ovelha perdida, sendo neste contexto cada pequenino uma ovelha e Jesus, o Pastor que vai em busca dos tais. Esta mesma fórmula se repete ainda mais duas vezes em Lucas. Na primeira, na ocasião em que os samaritanos opõem-se à passagem dele pelo seu território, e os discípulos propõe-se a clamar para que desça fogo do céu, ao que Jesus responde: que o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia (Lc 9. 56 ACF).

Lucas também narra a história de Zaqueu, um coletor de impostos que queria conhecer quem era Jesus, e para tal subiu em um pé de figueira brava. Convidado por Jesus para que descesse, ele recebe a Jesus com alegria e motivação de repartir seus bens com os pobres e restituir tudo o que ele havia defraudado alguém. Diante de tal reação Jesus diz: 
E, vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador. E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido (Lc 19. 7 - 10 ACF). 
A expressão para perdido é απολωλος (apoloolos) que vem do verbo απόλλυμι (hapólymi). O prefixo από denota intensidade, ao passo que όλλυμι denota destruição. A criança desprezada, a prostituta, e o publicano odiado foram terrivelmente afetados pelo pecado e destruídos intensamente pelo efeito do mesmo. Daí a necessidade de um salvador.  

Ao longo dos Evangelhos sinóticos σωζω será empregado para os eventos de cura, sempre acompanhado da expressão a tua fé te salvou (Mt 9. 22; Mc 5. 34; Lc 8. 48; 17. 19; 18. 42). Estas curas são sinal da presença do Reino, ser curado é indício de ser alcançado pela presença do Reino de Deus. 

Por último, 
E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele (Jo 3. 14 - 17 ACF). 
Quem crê em Jesus não perece, mas tem a vida eterna. Esta verdade é afirmada duas vezes no texto. Também é dito que Deus enviou seu filho ao mundo para que o mundo fosse salvo por ele. Estas palavras encontram eco na fala de Paulo a seu filho na é, Timóteo:
Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal. Mas por isso alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna (I Tm 1. 15, 16 ACF). 
A razão de ser do advento de Cristo, foi a salvação dos pecadores. Ele se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo (I Tm 2. 6 ACF). Esta verdade te, de ser mantida acesa em nossos corações e em nossas mentes. 

Marcelo Medeiros, em Cristo. 

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