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sábado, 9 de abril de 2016

Para Entender a Epístola aos Romanos





Este é um dos mais significativos documentos do Novo Testamento. A influência que a carta aos Romanos exerce na Cristandade se vê pela quantidade de comentários que lhe são dedicados. Stott aponta Agostinho, Lutero, Calvino e Karl Barth entre os que se propuseram a refletir a respeito do conteúdo desta epístola.

Não bastasse a reflexão dos autores supra, Stott destaca as controvérsias acadêmicas que a mesma provocou. Trata-se da ênfase. Afinal, Romanos aborda a questão da justificação pela fé versus a confiança nas obras, ou na inclusão ods gentios na fé em Cristo, que até aquele momento era vista como sendo uma ramificação do judaísmo.

O fato que se ressalta é o de que cristãos que primam pelo discipulado, precisam conhecer esta carta a fim de ampliarem sua percepção a respeito do Evangelho, e em face do aumento de sua percepção quando ao mesmo, poderem dispor de um contéudo que lhes permita discipular. Discipular nada mais é do que ensinar as pessoas a guardarem o que Cristo disse. Com este propósito em mente convido o leitor a prosseguir na leitura deste post.

O AUTOR


Mais do que o consenso a respeito da autoria paulina da carta, é perceptível que quaiquer teses acadêmicas que duvidem de tal não possuam o mínimo crédito. Há um acordo, isto é fato. Quando se volta para o texto percebe-se que o autor se apresenta da seguinte forma: Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus (Rm 1. 1 ACF).


Em primeiro lugar Paulo é um δουλος ιησου χριστου (doulos Iesou Christou), ou servo de Jesus Cristo. Uma leitura desta expressão sob a ótica de I Co 9. 19 onde ele mesmo afirma: Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais. Esta mesma Igreja estava profundamente dividida pelo partidarismo. Uns diziam ser de Paulo, outros de Pedro, outros de Apolo. Qual é a resposta do Apóstolo?

Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um? (I Co 3. 5 ACF). A expressão aqui é διακονοι (diakonoi), cujo sentido seria o de um garçom que serve à mesa. Mas em algumas vezes pode ser empregada como sinônimo de δουλος. A percepção de Paulo a respeito de si mesmo é a de um servo que serve por meio da pregação do Evangelho.

A segunda percepção de Paulo a respeito de si mesmo é de que ele é um apóstolo. O termo αποστολος é correlato ao verbo αποστοληω, cujo snrtido é o de enviar. Um apóstolo é alguém enviado com uma missão específica. Tomando Paulo como exemplo é também um plantador de Igreja. Apenas neste sentido os apóstolos atuais podem se igualar a ele.

No tocante à posse de uma autoridade normativa, jamais. Apóstolo algum é, ou será como Pedro, Paulo, e os demais. Eles foram sucessores dos profetas e a Igreja está edificada sobre o fundamento lançado pelos mesmos. Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina (Ef 2. 19, 20 ACF).

Os apóstolos atuais, podem no máximo serem como foi Epafrodito, de quem Paulo diz: Julguei, contudo, necessário mandar-vos Epafrodito, meu irmão e cooperador, e companheiro nos combates, e vosso enviado para prover às minhas necessidades (Fp 2. 25 ACF). O termo empregado aqui é αποστολον, ou enviado.

Por último, Paulo diz de si mesmo:  separado para o evangelho de Deus. Aqui ele faz referência a sua chamada para levar o Evangelho diante dos reis e das nações da terra, conforme se lê: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome (At 9. 15, 16 ACF).

LOCAL, DATA, DESTINATÁRIOS


Sabe-se destes elementos a partir de uma leitura do penúltimo capítulo da carta em apreço quando Paulo afirma:

Quando partir para Espanha irei ter convosco; pois espero que de passagem vos verei, e que para lá seja encaminhado por vós, depois de ter gozado um pouco da vossa companhia. Mas agora vou a Jerusalém para ministrar aos santos. Porque pareceu bem à macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém. Isto lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os gentios foram participantes dos seus bens espirituais, devem também ministrar-lhes os temporais. Assim que, concluído isto, e havendo-lhes consignado este fruto, de lá, passando por vós, irei à Espanha. E bem sei que, indo ter convosco, chegarei com a plenitude da bênção do evangelho de Cristo. E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações por mim a Deus; Para que seja livre dos rebeldes que estão na Judéia, e que esta minha administração, que em Jerusalém faço, seja bem aceita pelos santos; A fim de que, pela vontade de Deus, chegue a vós com alegria, e possa recrear-me convosco (Rm 15. 24 - 32 ACF). 
Possivelmente Paulo tenha escrito seu trabalho em Corinto, quando estava prestes a regressar a Jerusalém com a coleta que fizera para os pobres de lá. Ao que parece o propósto do apóstolo era o de após passar por Jerusalém, dirigir-se à Espanha. Neste caso Roma era uma rota entre os dois destinos.

Todavia, em sua passagem por Roma, Paulo pretendia compartilhar algo do Evangelho que ele pregava. Com este intuito escreve a carta em apreço aos crentes de Roma, a fim de informar aos mesmos a respeito do Evangelho que ele pregava. A necessidade de tais informações se devia ao fato de que esta era uma comunidade que não havia sido fundada pelo apóstolo.

As origens da comunidade romana são incertas. A hipótese mais acertada e com a qual Stott e Murray trabalham é a de que no Pentecostes haviam peregrinos procedentes de Roma, e que com o regresso de alguns, a comunidade fora fundada. Aqui se faz necessário considerar que a comunidade de Antioquia (que era base oriental do ministério de Paulo), fora fundada de forma similar. Sendo que neste último caso, seus fundadores saíram de Jerusalém por ocasião das perseguições empreendidas por Saulo de Tarso (que mais tarde viria a ser Paulo).

Um ponto interessante é que a Igreja, ao que parece era formada tanto por judeus, quanto por gentios, ou pagãos. Isto se infere dos textos em que Paulo parece dialogar com judeus. Eis que tu que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus; E sabes a sua vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei (Rm 2. 17, 18 ACF). Não sabeis vós, irmãos (pois que falo aos que sabem a lei) (Rm 7. 1 ACF).

Todavia ambos os autores abandonam completamente quaisquer especulações a respeito da proporção de judeus e gentios que esta comunidade teria. E focam a Teologia do apóstolo neste documento cristão. Daí a necessidade de minha parte em adotar similar poroceder e me antecipar com relação ao propósito de tal carta.

PROPÓSITO DA CARTA


Ao longo deste estudo foi estabalecido que a comunidade romana não fora plantada por Paulo, mas que a mesma era fruto da ação missonária de irmãos que possivelmente tenham tido seu contato com o Evangelho no dia de Pentecostes. Paulo não queria plantar em campo semeado por outros. Todavia entendia que tinha algum χαρισμα (charisma), para compartilhar, ou comunicar com os santos daquela localidade.


Daí a necessidade de o apostolo se fazer conhecido aos cristãos de Roma, e apresentar aos mesmos suas credenciais apostólicas, bem como o programa de seu Evangelho. Este engloba a apresentação da situação geral dos homens, tanto judeus quanto gentios (Rm 1. 18 - 3. 19), a imputação da justiça de Deus ao homem pecador (mediante a fé em Cristo [Rm 3. 21 - 5. 10]), a liberação da escravidão do pecado e o processo de santificação (Rm 6 - 8), a promessa de Deus para com Israel (Rm 9 - 11) e as consequências da salvação na vida pessoal (Rm 12 - 15). 

Na opinião de Murray e Stott, Roma era uma rota importante no caminho entre Jerusalém e Espanha. Do mesmo modo que Paulo tinha feito de Antioquia sua base para a Evangelização no Oriente, e na Acaia, ao que parecia ele pretendia fazer de Roma sua base de Evangelização no Ocidente. Mas antes de prosseguir para seu destino, ele pretendia passar por Jerusalém com a coleta que fizera pelos santos de lá.

Na opinião do apóstolo, se os gentios desfrutavam dos bens espirituais dos judeus, por que não poderaiam compartilhar dos materiais com os mesmos? Na opinião de Stott e Murray, os planos do apóstolo não se concretizaram, visto que ao se dirigir para Jerusalém com a coleta pelos santos, ele foi preso pelos judeus. 

Em Cristo, Marcelo Medeiros. 

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