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quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Minha impressão a respeito do resultado da última eleição




Não é de hoje que venho me pronunciando aqui neste espaço a respeito de um clima nada sadio do ponto de vista político. A questão da polarização entre PT e PSDB, esquerda e direita, comunismo e capitalismo, que tem dominado o cenário político da atualidade. Além de inúmeras confusões conceituais que se percebem, há ainda o clima de medo que impera em nosso meio.

Há quem vote em candidato x por medo que o candidato y transforme este país em uma versão do que é a Venezuela em na atualidade. Este ambiante vem dominando as discussões políticas desde a primeira eleição de Dilma, na qual o PT apostou no medo da volta do PSDB ao poder e na supressão das políticas assistencialistas do partido dos trabalhadores (algo que merece um post à parte). 

Mas foi neste último pleito eleitoral que apareceu um candidato que prometia ser exatamente o oposto de tudo o que o PT representava, e para infelicidade da nação, o oposto até naqueles pontos em que o PT acertou. este trouxe consigo um novo medo, o medo de que o Brasil se torne algo como a Alemanha Nazista, ou a Itália Fascista.

Eu sei das sucessivas tretas na internet a respeito das similaridades entre Nazismo, Fascismo e Comunismo, por conta do nome do partido de Adolph Hitler. Mas o fato inconteste é que tanto um quanto o outro ascenderam ao poder com o apoio da religião de seus respectivos estados, algo, que ao que parece não aconteceu em regimes comunistas, que a partir de uma leitura seletiva de escritos socialistas procuraram sufocar ao máximo a religião em seus estados, permitindo o funcionamento das mesmas quando tais não ofereciam uma crítica ao regime.

Voltando à nossa realidade o pleito eleitoral deste último domingo manteve a polarização acrescentando agora um elemento novo, um candidato que representa no mínimo um movimento reacionário de esquerda. Minha insatisfação é que há tempos o Brasil vem precisando de um candidato mais moderado, seja de esquerda, seja de direita.

O grande problema é que o brasileiro age de acordo com a cordialidade. O uso que faço deste texto aqui é etimológico, ou seja cordialidade vem de corda, ou se quiser kárdia, cujo sentido é o de corda, ou coração. Ao medo por mim apontado há alguns anos aqui soma-se agora uma série de sentimentos e de ressentimentos.

O reacionarismo de direita que estamos testemunhando decorre de uma série de ressentimentos criados pela manutenção do PT no poder, pelos erros cometidos e pela corrupção (que não é exclusiva do PT - algo que o Brasil ainda descobrirá à duras penas). E o maior problema que percebo a respeito deste ódio é que não adianta argumentar racionalmente com quem o nutre.

Aqui há que se ressaltar que não pretendo chamar a ninguém de burro. Não, não é este o caso. Aqui o que está em jogo é que nem eu e nem ninguém somos absolutamente racionais. Quando Pascal afirmou que o coração tem as suas razões que a razão desconhece, ele estava em pleno século XVII indo na contracorrente da modernidade e do iluminismo, que projetaram um homem puramente racional. Mas em termos de cordialidade o brasileiro ganha de lavada.

Ainda assim, saber que o aspecto racional equivale a menos de vinte por cento de nosso psiquismo, deveria, em tese, nos ajudar a controlar mais as nossas emoções. Mais ainda, identificar nossos medos é de fundamental importância para que os mesmos não nos dominem. 

Fato é que a nação sai do pleito eleitoral mais dividida do que nunca. E isto por si só, já é um prejuízo à democracia, uma vez que esta consiste em diálogo, pontuações, contrapontos, e um consenso. Democracia é reconhecer que nossas convicções e pensamentos são ponto de partida numa discussão, mas não de chegada. Do momento em que uma discussão se encerra com ofensas e palavras de ordem, a democracia já perdeu.

Por mais que se apresentem propostas nem Bolsonaro e nem Haddad estão no segundo turno das eleições presidenciais por conta da racionalidade das propostas, ou pelo desempenho no debate, mas pelo que ambas as figuras representam no imaginário popular, não havendo espeço de ambas as partes para autoexame e crítica pessoal. Mais do que isto estão pelo medo, e os xingamentos nas redes sociais dão o tom do debate. 

Minha expectativa é que para dois mil e vinte e dois a nação tenha aprendido que andar no encostamento não é a melhor das escolhas políticas. Caberia aqui falar do medo dos evangélicos, grupo do qual faço parte, de que o país se torne uma ditadura na qual a pregação seja impedida. Mas isto demanda um post inteiro à parte. 

Marcelo Medeiros. 

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