Me encantei com textos de Rubem Alves durante o período da graduação. Ao fazer a pós o encanto se tornou definitivo, afinal entre a Ciência e a Sapiência foi, e tem sido pontual na minha busca por elementos que permitam um rico diálogo entre Ciência e religião, algo que começou com um livro do escritor em apreço, O que é Religião? da coleção primeiros passos.
A razão de ser deste post a respeito da morte de Rubem Alves não se resume à admiração confessa que tenho por este escritor (pelo menos não no sentido em que a palavra é compreendida). Confesso que sucessivas vezes me espantei com este artista e artífice das palavras e pensamentos, por ver no mesmo aquilo que queria verbalizar, mas não encontrava meios para tal. Todavia, ensinar em vida é uma oportunidade que todos os seres humanos possuem, mas que poucos se engajam em fazer. Mas na morte todos se tornam mestres.
O óbito deste maravilhoso escritor é notícia em uma infinidade de sites na internet. Para fugir do comum, prefiro fazer menção a um texto, a ele atribuído, mas que me impactou, visto que aos meus quarenta anos me pego com a mesma sensação. O nome do texto? O tempo e as jabuticabas (aqui e aqui). Não citarei o texto na íntegra, apenas compartilharei as minhas impressões.
Aprendi com Rubem Alves que a vida é tão orgânica quanto uma jabuticabeira. É preciso semear para colher, mas antes de colher teremos de regar, de cuidar para ver crescer, e aguardar pacientemente pelo fruto. Quando vier o fruto, o mesmo terá de ser cuidadosa e devidamente saboreado, pois tal como o tempo, ele se acaba.
Há um momento na vida do homem, a juventude, em que se gastam energias com coisas fúteis, sem valor, é o chupar displicente das jabuticabas. Mas a maturidade vem quando uma por uma das jabuticabas são saboreadas, é quando o ser humano aprende a priorizar a doçura que a vida oferece e a largar de mão o amargo. É a lição que quero levar comigo.
Tudo o que me resta neste momento é orar à Deus por consolação para toda esta família, que sentirá a falta deste tão ilustre componente, e agradecer a Deus por ter aprendido aos quarenta anos, com este ilustre cozinheiro do saber, que a doçura de jabuticaba e a azedume do limão precisam ser aproveitados ao máximo, e que não há tempo à perder. Rubem Alves se vai, mas a semente dele fica em minha vida.
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros
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