Escrevo este post, em parte para assumir que sou mais um entre milhões de brasileiros que gosta de torcer por sua seleção, é uma confissão pública, mas não um mea culpa, de forma alguma! A razão é bem simples, ao contrário de alguns xiitas de plantão, não vejo a mínima ligação necessária entre política e futebol. Embora aquela se reflita neste, o fato mais do que inconteste é que o futebol não necessariamente determina a política. Mas tem um monte de gente que pensa assim.
O fato é que eu, da mesma forma que os milhões de torcedores espalhados por este país, torço por causa da necessidade de preenchimentos existenciais (falo mais a respeito aqui). A diferença, é que sei que não posso basear a minha felicidade em tais coisas, mas será que os ufanistas políticos sabem disto? Sabem eles que a política é tão imprevisível, e pode ser tão, ou mais decepcionante quanto o futebol? Que são estimulados à militância pelo mesmo vazio existencial? Acredito que saibam, mas que não estão dispostos a admitir.
A copa ao meu ver foi sim uma decepção. O Brasil foi, e é a única seleção a não ter conquistado um título em casa. Sei que isto não se compara aos fracassos políticos, e que o quarto lugar na competição é infinitamente melhor do que o octogésimo oitavo em educação, e octogésimo quinto em Índice de Desenvolvimento Humano. Também concordo com Cristóvão Buarque quando ele afirma que o povo brasileiro deveria aprender a se espantar com isto (aqui). Mas ainda que se espantasse, isto nada tem a ver com ser, ou não ser torcedor.
Retomando o assunto da Copa, faltou futebol brasileiro, sobraram teorias e mais teorias da conspiração; tudo com aquele tempero de suspeita fundada (visto que o procedimento de nossos políticos deixa, e muito, á desejar em matéria de transparência aqui). Assim, a Copa começou sob o signo da suspeita de que tinha sido comprada e termina com forte desconfiança de que foi vendida.
E eu com isto? Você, caro leitor, eu não sei, mas amanheci com a sensação de que neste último mês não vi a seleção brasileira jogar, mas que assisti uma nova versão de um antigo filme: A soma de todos os medos. O medo da política já existe, afinal, cresce em nosso país a sensação de que não é povo quem elege quem está no poder, mas um esquema fraudulento, e agora, este mesmo medo foi transferido para o futebol. O resultado: vazio existencial aliado à total descredibilidade.
Marcelo Medeiros
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradeço o seu comentário!
Ele será moderado e postado assim que recebermos.