Falei na semana passada a respeito da dura missão que cristãos de matriz católica, evangélica e protestante teriam ao tratar da questão homossexual, visto que teriam diante de si um paradoxo, a conciliação entre a doutrina, que afirma ser pecaminosa a condição humana em geral, o que inclui a homossexualidade. A única exceção seria excluir os homossexuais do gênero humano, mas sabemos que são humanos, e, justamente por este motivo pecadores (aqui).
Me permita explicar. O ponto mais duro da pregação cristã é a doutrina do pecado. Ela tem sofrido os mais cruéis ataques. Alguns alegam que sua ênfase produz, ou exacerba a culpa, provocando comportamento depressivo (como se o mecanismo da culpa estivesse atrelado exclusivamente à religião). O resultado mais funesto é que Igrejas cuja preocupação primordial é o bem estar do público que a frequenta, elas removeram definitivamente a pregação e junto com esta, a exposição do que é pecado.
Em contrapartida os proponentes da causa homossexual foram bem eficazes em associar o discurso religioso com a depressão, mal estar e crimes (eu não quero com isto dizer que tenham sido honestos, ou verdadeiros, mas que aos poucos tem alcançado o seu objetivo em naturalizar o comportamento entre os jovens). Resultado, é mais fácil ser criminalizado por homofobia, ainda que a mesma não seja tipificada como crime, do que por racismo.
Quando escrevi a respeito da reunião que ocorreu no vaticano, percebi uma euforia por parte imprensa e a preocupação (por parte da cúria romana) com um olhar mais misericordioso para com estes. O problema conforme dito acima é a rejeição, por parte dos mesmos, de sua condição pecadora.
A bomba no mundo gospel veio por conta das declarações do Pr Brian Houston, que disse que as uniões entre iguais estão sendo discutidas no concílio. Para quem não o conhece, o ministro supra é líder de uma Igreja que tem figurado como ícone na música de expressão contemplativa (usualmente chamada de louvor e adoração. O assim chamado ministério, tornou-se conhecido por meio de uma das suas mais proeminentes figuras Darlene Zschech, autora de maravilhosos hits que embalaram os momentos iniciais de reuniões evangélicas, que segundo fontes deixou a igreja hillsong em 2010, e passou a integrar o ministério Unlimited (aqui).
O problema é que lendo a matéria (aqui) percebi, que a grande preocupação do ministério é com a quantidade de jovens que lotam, ou enchem as suas reuniões, o que ao meu ver turva a percepção dos líderes a respeito do assunto. Um outro ponto de similar relevância é que mesmos os defensores da causa reconhecem a pouca relevância teológica da igreja em apreço, e veem como único ponto positivo de sua decisão, a influência que os mesmos tem junto aos milhares de jovens que são atraídos pelas canções.
Ainda não tem nada decidido, mas começo a ver aqui a fragilidade filosófica e teológica do movimento neo pentecostal e das estratégias de marketing que o mesmo tem lançado mãos para atrair multidões. Se a finalidade é lotar as reuniões e os templos a decisão desta entidade tem de se dar em favor da cultura mesmo, jamais pelo impopular evangelho bíblico, e aqui vejo a primeira derrocada de um dos ramos do evagelicalismo. Minha pergunta é: aonde vamos parar?
Marcelo Medeiros
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