Tenho sido insistente, para não dizer impertinente, em falar de educação neste espaço. O faço, mais em razão das cobranças que tem sido feitas aos professores, algumas justas, outras injustificáveis. neste post gostaria de ressaltar uma colocação que já tem sido lugar comum na Educação, a de que esta não ocorre somente na Escola. Desde cedo suspeitava o papel da mídia no ato de educar, mas somente ao ler o livro O que é Educação? de Carlos Rodrigues Brandão, salvo engano (coleção primeiros passos), que tive condições de formular a ideia com maior clareza.
Um papel imprescindível da mídia consiste na formulação de modelos humanos. Em nosso país, recebe destaque o jovem marombado, sarado, bonito, a menina magérrima, esbelta, mas o jovem estudioso, jamais. Até nos reality shows, as pessoas são mostradas correndo, se exercitando, em noitadas regadas à muito álcool, mas jamais lendo, para não falar que de um famoso programa desta modalidade apenas um pseudo intelectual ganhou.
O resultado: o Brasil segue como um país em que o estudo tem a sua única razão de ser no mais puro pragmatismo. Educação de qualidade é a que prepara pessoas para o mercado de trabalho (leia-se colocar, no lugar de preparar). Mas e a formação humana? Deixa para lá! Preparo para o vestibular é sinônimo de passar em um. E neste contexto, fazer uma graduação justifica-se única e exclusivamente em razão de uma ascensão social (detalhe isto é histórico).
É neste país, que uma flatulência soltada por um artista vazio ganha páginas e mais páginas, que a vida sexual de atrizes (via de regra nada exemplar) é pública; ao passo que ainda que um jovem brasileiro viesse a realizar a façanha de ser ganhador de prêmios em uma, ou mais área cientifica, não teria tamanho espaço, incentivo, e patrocínio.
Enquanto isto, nossos talentos intelectuais se sentem verdadeiros ET's em um país que consolida a cultura de que a educação, a erudição intelectual, são luxos, ou algo que deve de ser cada vez mais reservado à elite. É assim que o Brasil se consolida como o país do futebol (coisa, que ao meu ver se fosse verdade, não teríamos tantos talentos jogando lá fora, por melhores salários), mas que às escondidas exporta o melhor da área intelectual para outros países (aqui). Pífio.
Marcelo Medeiros.
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