No dia 31 de Março do corrente ano foram comemorados os cinquenta anos de golpe militar. Confesso que não me lembro muito bem do período da ditadura haja visto que nasci em 74, mas uma marca que a mesma deixou em mim foi aquele estranho papel que aparecia antes das exibições dos programas de TV, novelas, shows, filmes, sim aquele em que vinha escrito em alguma cor que meu televisor preto e branco não identificava, mas que aqui vou colocar em vermelho, CENSURA. Em poucos anos presenciei o processo das diretas, mas sempre com a sensação de que algo da ditadura ficava. E agora, em períodos onde vemos uma jornalista sendo cerceada em seu direito de emitir opiniões, me sinto de volta àquele período.
De acordo com a deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), a âncora do SBT, cometeu crime apologia e incitamento à tortura e ao linchamento, caracterizado no artigo 287 do Código Penal. A deputada foi além, ao rotular o discurso da jornalista como neo facista (aqui), o que, salvo seja comprovado que a jornalista faça parte de algum grupo que defenda ideias fascistas, é uma tática suja de associar a opinião alheia com algo que normalmente as pessoas sequer conhecem, mas que seja por propaganda, ou por um conhecimento raso da historia as pessoas repudiam.
Outra argumento ruim, para não dizer péssimo é a tese de que o Estado de Direito o pode ser criticado, quando na verdade o que a apresentadora criticou foi justamente um dos fatores que ameaçam o Estado de direito, a violência. A definição de Estado de Direito do Info Escola é: Estado que respeita as liberdades civis, os direitos humanos e as liberdades fundamentais por proteção jurídica, pois, até as autoridades também são submissas ao respeito da regra de direito. Ainda no mesmo site é possível observar o entendimento de liberdades civis, como sendo o direito das pessoas assumirem e externar livremente as suas convicções pessoais, sem com isto sofrerem perseguição, ou pressão, de qualquer governo, ou instituição, grupo étnico, ou social (aqui). Mas de cara não é o que se vê no caso da apresentadora.
A crítica de Rachel Sheherazade não foi ao Estado de Direito, mas a crise que o mesmo vive. Ainda que se aceite a suposição ingênua de que o menor amarrado em poste, se envolveu com a delinquência porque teve os seus direitos fundamentais violados, a sociedade tem de aceitar que o mesmo viole os direitos fundamentais de outra pessoa, ou permaneça na condição em que está? Não! Mas o que fazer para que a lógica da injustiça cesse por aí? Este é o desafio da fala de Rachel Sheherazade, com a campanha adote um bandido. Quem não analfabeto funcional, entende o grito da sociedade na voz da Sheherazade, e a contradição que nosso fantástico mundo de Bob vive, ao sufocar direitos fundamentais de uma parcela significativa da sociedade para aplacar a culpa pela ineficiência na aplicação dos ditos direitos humanos.
É neste sentido que entendo a fala de Sheherazade, qualquer outro entendimento é falta de instrução, ou predisposição á maldade mesmo. O primeiro caso o Estado resolve com a educação que nega a significativa parcela da população. O segundo se resolve com terapia, igreja, eu indico o Evangelho. Uma coisa é certa, de nada adianta abolir a ditadura militar e instituir outra. Abraços fraternos em Cristo.
Marcelo Medeiros
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