INTRODUÇÃO
O nome Obadias – segundo Jonh
MacArthur – significa servo do senhor. Partindo deste dado podemos especular
que este seja a junção de duas palavras hebraicas עֶבֶד (ebhedh) e a partícula diminutiva יחּ (Yah). Foi um profeta
que, a julgar pelas menções que este fez a cidade de Jerusalém, atuou no reino
sul. Pelas menções que este faz ao povo de Edom, percebemos que o conteúdo de
sua profecia trata de uma retaliação que o povo de Judá sofreu, por parte dos
edomitas.
O CONTEXTO
Esaú, cujo nome no original é עשָו (‘Esaw) pode
significar áspero, o que seria perfeitamente harmonizado com o oficio escolhido
personagem, o de caçador. Em uma sociedade tal como a patriarcal ele seria a
pessoa que, em tese, preencheria todos os quesitos para prosseguir com a
aliança e a promessa feita aos patriarcas, mas infelizmente não foi assim que
funcionou. Para todos os efeitos ele é o ancestral de Edom.
Edom é um povo que, de acordo com
as Escrituras, descende diretamente de Esaú, ao passo que os judeus, tanto os
representantes do Reino Sul, quanto as demais tribos do norte, descendiam de
Jacó. De acordo com o relato bíblico o conflito vinha desde o ventre (Gn 25.
23), tanto que Jacó (Yakobah – יַעֵקבָח), ao nascer recebeu o nome, cujo significado é aquele que agarra
ao calcanhar. O desenrolar de toda a historia destes dois irmãos é marcada por
rivalidade. Jacó comprou o direito de primogenitura de Esaú, e por fim,
orientado por Rebeca, recebe a benção destinada ao primogênito. O resultado é o
de um ódio tal, por parte do irmão mais velho, que o mais novo termina por ser
orientado a sair de casa (Gn 27. 39 – 45).
Uma outra questão que é levantada
pelo autor sagrado é a seguinte: Esaú não servia para ser patriarca, para
perpetuar a promessa que fora feita à Abraão e a Isaque, o fato dele ter casado
com mulheres cananéias é indicador do quanto ele se importava com tais
promessas. Tanto que o autor de Hebreus o chama de fornicário e profano (Hb 12.
16). Outro fator é a expressão amei a
Jacó a aborreci a Esaú (Rm 9. 13). C. S. Lewis afirma que a expressão em
apreço é um indicador de que aos olhos de Deus Esaú não servia para exercer a
função de patriarca. É digno de observação que quando os dois se encontram
novamente, o povo que está com Esaú é o mais próspero. Tanto que este afirma: Eu já tenho muito, meu irmão. Guarde para
você o que é seu (Gn 33. 9 NVI). Aqui há o reconhecimento de uma
situação próspera de ambos os lados.
A partir do relato de Gn 33. 1ss,
podemos afirmar que houve relativa paz entre os irmãos, mas os descendentes não
viveram, em paz. Em
sucessivas ocasiões edomitas e israelitas irão entram em claro litígio. Eles
figuram na peregrinação de Israel no deserto, quando impediram os judeus de
passarem pelos seus territórios (Nm 20. 14 – 21). Parece que também foram
inimigos de Saul (I Sm 14. 47), mas alguns serviram o primeiro Rei de Israel (I
Sm 21. 7). Durante o reinado de Davi se tornaram vassalos de Israel (II Sm 8.
13, 14). Na verdade ainda nos dias de Salomão Deus levantou soberanos edomitas
contra ele (I Rs 11. 14).
PERÍODO
O momento da profecia de Obadias
tem sido causa de calorosos debates teológicos, uma vez que não vemos nos
escrito deste profeta uma única referência que nos permita situá-lo
historicamente. Daí a maioria dos intérpretes sugerirem uma serie de invasões
às quais poderíamos aplicar a profecia de Obadias. São propostas as seguintes:
1)
A invasão por Sisaque durante o reinado de Roboão (I Rs
14. 25, 26). Mas a ausência de qualquer menção aos edomitas no texto fez com
que tal proposta fosse rejeitada.
2)
Uma invasão feita pelos filisteus e pelos arábios
durante o reinado de Jorão em Israel (II Rs 8. 20; II Cr 21. 16, 17).
3)
Uma invasão liderada pelo rei Joás, durante o reinado
de Amazias em Judá (II Rs 14. 13, 14).
4)
Um ataque edomita durante o reino de Acaz (II Cr 28.
17).
5)
A invasão de Jerusalém, por Nabucodonozor em 586 a . C.
Durante anos a tendência foi a de
aceitar esta última, e isto em atenção ao material correspondente à profecia de
Obadias (Jr 49. 16, 17; Ez 25. 12ss;) e a grave imprecação do salmista que em
oração pede a Deus: Lembra-te, Senhor, dos edomitas e do que fizeram quando
Jerusalém foi destruída, pois gritavam: Arrasem-na! Arrasem-na até aos
alicerces! (Sl 137. 7 NVI), nos leva a acreditar que Obadias seja deste
período.
Durante anos a tendência foi a de
aceitar esta última, e isto em atenção ao material correspondente à profecia de
Obadias (Jr 49. 16, 17; Ez 25. 12ss;) e a grave imprecação do salmista que em
oração pede a Deus: Lembra-te, Senhor, dos edomitas e do que fizeram quando
Jerusalém foi destruída, pois gritavam: Arrasem-na! Arrasem-na até aos
alicerces! (Sl 137. 7 NVI), nos leva a acreditar que Obadias seja deste
período. Mas a verdade é que hoje tal hipótese tem sido descartada. No lugar
desta tem sido proposto que a segunda invasão seja a mais viável, e isto se
harmoniza melhor com o livro, uma vez que este não faz menção aos caldeus.
Outra vantagem desta perspectiva
é o alcance temporal da profecia. Obadias profetiza uma destruição fatal de
Edom. Esta é profetizada (Ob 3 – 7), mas o cumprimento não se dá de imediato.
Os edomitas serão conhecidos como idumeus e Herodes, o Grande, aquele que
mandou matar os meninos na ocasião do nascimento de Jesus (Mt 2).
A PROFECIA
Que profecia Obadias profere
contra Edom? Quais motivos levaram o profeta a proferir tais oráculos?
1.
A despeito de Edom viver em relativa segurança em
função de sua territoriedade, Deus os abaterá. Os montes de Seir não livrarão o
povo quando o juízo de Deus chegar (Ob 3, 4).
2.
Nem os sábios livrarão Edom do mal que Deus tem
preparado para o povo (Ob v. 8).
3.
Até os guerreiros ficarão confusos e impotentes diante
da iminência do juízo divino (Ob v. 9).
Os pecados de Edom são:
1.
Ter compactuado com os que pilhavam Israel, mesmo que
não tenham colocado a mão na espada para fazerem diretamente, indiretamente o
fizeram (Jl 3. 19; Ob v. 10, 11).
2.
Além de compactuar, parece que Edom sentiu alguma
satisfação com os males que ocorram com Jerusalém (Ob v. 12, 13).
3.
Alem da alegria eles ajudaram com o espolio dos bens do
povo eleito por Deus (Ob v. 13).
4.
Por terem guardado ódio perpetuo contra o povo de Deus
AS LIÇÕES
Não podemos, sob hipótese alguma
compactuar com as dores dos nossos adversários, muito menos sentir qualquer
traço de alegria, mesmo quando são julgados por Deus. O sábio nos adverte: Não
se alegre quando o seu inimigo cair, nem exulte o seu coração quando ele
tropeçar, para que o Senhor não veja isso, e se desagrade, e desvie dele a sua ira (Pv
24. 17, 18 NVI). O principio da semeadura espiritual se aplica aqui uma vez que
aquilo que nós semeamos, invariavelmente recairá sobre nós. Não se deixem enganar: de Deus não se zomba. Pois o que o homem semear, isso também colherá. Quem semeia para a sua carne, da carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá a vida eterna (Gl 6. 7, 8). Deus
toma vingança do mal, ainda que tal demore, ainda que os que o praticam sejam
julgados tardiamente, ainda que por um breve tempo estes assumam posição de
poder tal como ocorreu com um idumeu conhecido por nós como Herodes, o Grande. Mas a profecia de Obadias se cumpriu e hoje eles estão reduzidos a nada, ao passo que Israel desfruta do poderio bélico, econômico e político que vemos atualmente.
Em Cristo.
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