À título de introdução, tudo o que posso falar é que esta imagem me provocou, o mesmo digo dos dizeres atribuídos ao educador e pensador Rubem Alves. De imediato me lembrei das palavras de Tiago para quem todo o homem deve ser: pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar (Tg 1. 19 ARCF). Percebi também que estamos distantes desta pratica que é sinal de verdadeira sabedoria. O problema é que ao nos distanciarmos da sabedoria nos aproximamos da tolice. E em nenhum lugar do mundo tal sabedoria é mais necessária do que dentro do lar.
Ao ver o cartaz com os seus dizeres, automaticamente me lembrei de um livro do Jonh Stott, cujo titulo era Ouça o Espírito, ouça o mundo. A ideia principal do mesmo é de que o mundo somente nos ouvirá na medida em que dissermos algo interessante e relevante para o mesmo. Falar algo de relevante demanda que percebamos os anseios que as pessoas trazem consigo. O mundo não fala. Este é o problema, ele Grita! E nós? Estamos surdos!
A leitura de um livro intitulado Entre a ciência e a sapiência, de Rubem Alves, me faz conjecturar que parte da motivação que nos leva a ser mais falantes do que ouvintes é a arrogância, típica das mentalidades medianas, que faz a massa afirmar: nós conhecemos, senão tudo, ao menos quase tudo, e mais, nós estamos certos e todos os demais estão errados. Quem se julga certo e o outro previamente errado, não ouve o que o outro tem a dizer, afinal, ele está errado.
Longe de mim adotar um discurso e uma filosofia relativista, mas em seu clássico Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire sabiamente nos alerta que a prática docente exige de nós o ouvir, ainda que saibamos que o educando está errado, ou equivocando. Se não o ouvimos, aquilo que temos a dizer nada dirá para ele.
O mais curioso é que Agostinho narra em suas confissões que aprendeu a falar associando a fala das pessoas adultas com os objetos as quais as mesmas se referiam. Em outras palavras, é dentro dos limites do meu conhecimento, o primeiro pensador a propor que a fala se aprende mediante a audição. Daí, concluo que quem não aprende a ouvir, desaprende de falar. Este é um fenômeno corriqueiro em nosso tempo, basta olhar a multiplicidade dos discursos e a vacuidade dos mesmos. Sim, caro leitor, não se espante, mas desaprendemos a fala, o discurso, e por este motivo precisamos de cursos de oratória, para aprendermos a falar. Agora, você reparou que em um curso as pessoas se não ouvem, ao menos tentam, ou fingem ouvir?
Marcelo Medeiros.
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