Tem dias e dias na vida da gente.
Dias em que sequer se percebe o tempo, o dia, o clima, dada a correria.
Dias em que tudo desperta a nossa sensibilidade, e hoje é um destes.
Acordei com a sensação de cansaço que logo se dissipou, diante da rotina.
Preparar o café, acordar filho, digo filhos, auxiliar á esposa.
Na minha mente uma canção.
O nome dela? Pais e Filhos, aquela que diz ser preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã.
Uma peça clássica da literatura, filosofia, psicologia, digno do compositor e intérprete da mesma.
Fala da emoção de ser pai,
do conflito entre pais e filhos e de tantas coisas que dariam um livro.
O quarto devidamente preparado para receber o filho, e da dor da notícia de algum acidente.
Da imagem do filho dormindo no berço, com a imagem da tragédia.
o medo e o pesadelo da criança contrastado com az estranha atração por baladas e tudo o mais que desafia a vida.
A irracionalidade da vida, da idas e vindas dos relacionamentos,
filhos de pais separados, de pais abandonados, de pais que agora são crianças, de pais que são órfãos, que deixaram filhos órfãos. Filhos e pais para todos os gostos.
Filhos que recebem nomes de santo, possivelmente em razão de um profundo sentimento de gratidão.
Algo que vai desde a mais simples e pura devoção religiosa até a gratidão pela por ser parte do mistério da vida.
A grande lição?
A mesma de Monte Castelo.
É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã.
Tudo o que temos é presente e como tal este precisa ser recebido, vivido e guardado.
O sorriso inocente da criança, ao olhar agradecido,
das guerras de travesseiro, aos momentos de filme juntos,
as explicações às perguntas inusitadas.
O presente é o momento em que se toca na eternidade, já dizia um sábio,
então deixemo-nos ser eternos,
vivamos o momento em que o tempo para e tocamos o inexprimível.
Deixemo-nos tomar pelo espanto diante da vida fúria do mar, e pela suavidade da vida.
Pois a vida aqui é tempo, e tempo é alternância entre fúria e beleza do céu azul.
Marcelo Medeiros.