Há alguns anos atrás, enquanto cursava Pedagogia, ouvi falar a respeito de um livro de Augusto Cury, cujo título era Você é insubstituível. Não o li até hoje, mas uma colega de classe me disse da importância do mesmo na recuperação de sua autoestima. Seguido este período vi de perto o embate entre escritores de cunho mais conservador e as afirmações do autor citado.
Tais embates contrapunham a autoestima com a estima do alto. Uma contraposição que merece minha atenção e um post este espaço virtual dada a excessiva afetação dos nossos dias, ou como prefere falar o filósofo Luís Felipe Pondé, ressentimento. mas gostaria de falar da verdade implícita ao título do livro, uma verdade que precisa ser dita. Mais do que isto, recuperada.
É mais do que comum ouvir em uma empresa a seguinte fala: aqui ninguém é insubstituível. A empresa trabalha com a lógica de que cada funcionário é uma peça, uma engrenagem de um grande mecanismo. Por trás da lógica há também um processo de desumanização e uniformização. Escolas e empresas não atentam para o que é diferente, mas para o que é comum, igual.
O único espaço onde esta lógica cruel é quebrada é o das relações pessoais, amigos, mulher, marido, filho, pai e mãe não são substituíveis. Aqui recorro ao exemplo da Teologia, uma vez que lendo a Bíblia, meu livro de cabeceira, percebo que nem Deus trata as pessoas como peça de reposição, algo do tipo morre Moisés, coloca Josué, morre este coloca um juiz qualquer, e assim até o infinito. Deus imprime em cada homem algo incomum, que nenhum outro depois dele.
Não houve profetas como Moisés, nem homem sábio como Salomão, ninguém segundo o coração de Deus como Davi, ninguém é como ninguém. Daí que ninguém possa ser substituído por ninguém. Na Bíblia tem sucessão, não substituição. Quando olho para o novo testamento e vejo a Igreja sendo comparada a um corpo esta verdade se faz ainda mais contundente.
Nenhum dedo exerce a função de outro. Nem o médio, nem o anular fazem a função do mínimo, ou do polegar. O ouvido se torna ainda mais aguçado na ausência da visão, mas não a substitui. a função tátil é fundamental para surdos, perceberem as vibrações sonoras, mas não substituem o ouvido. E olhando para o texto, percebe-se que para Paulo, os membros menos honrosos são aqueles que mais honramos. Com isto fica indicado que todos são vitais.
Sonho com o dia em que não ouvirei mais esta frase: ninguém é insubstituível, ainda que tal se dê no céu, afinal, para o Pai, filho algum o é. Se para mim que sou mau, um novo filho não substituiria nenhum dos dois que tenho porque seria assim para Deus, ou o Pai Celeste? Que a visão empresarial e mecanicista da vida jamais norteie nossas falas e relacionamentos pessoais.
Marcelo Medeiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Agradeço o seu comentário!
Ele será moderado e postado assim que recebermos.