Ainda estou acompanhando de perto o debate a respeito de um outdoor em que Silas Malafaia aparece defendendo a preservação da raça humana e da família nuclear. Curiosamente alguém apareceu no Facebook afirmando que a fala do mesmo consiste em discurso de ódio e que revela um extremismo similar ao dos muçulmanos (caso tenha perfil na rede social mencionada, ver aqui). Este tipo de associação entre Cristianismo institucional e extremismo não é novo. Há tempos um certo deputado BBB tem defendido que o discurso cristão é uma das maiores causas da morte de homossexuais.
Discordo em muito aspectos da atuação de Silas Malafaia como pastor, e não ma alinho com a Teologia do mesmo em quase que nenhum ponto. Mas confiro sim valor às intervenções políticas do mesmo no congresso, uma vez que no afã de naturalizar o comportamento homossexual tem se apelado a tudo, desde a estereotipia aos cristãos até a adoção de cartilhas e livros didáticos que ensinam que tal comportamento é normal.
A palavra normal vem de norma e sob este prisma é complicado dizer que qualquer coisa que seja referente ao ser humano seja normal. Mas o meu foco aqui não é este. Insisto que cabe o Estado punir o comportamento homofóbico desrespeitoso, mas não cabe ao mesmo legislar sobre minha opinião. E minha opinião é a de que a sexualidade humana é de foro íntimo da pessoa. Melhor, pertence à vida privada da mesma.
A raiz do problema é que tem sido um costume cada vez mais comum a publicização da vida privada. Artistas têm trazido sua intimidade à tona e este hábito tem sido o catalizador de uma cultura em que as pessoas se acham no direito de virarem celebridade por conta do número de pessoas com quem saem. Admiro a vida de artistas cuja sexualidade não foi publicada. Eles vieram a ser o que foram e são em razão da primorosidade em suas respectivas artes.
A cultura da histeria é uma cultura de egos cujas falas não se dão por meio de palavras e axiomas inteligíveis, mas em berro e grito. Veja de perto uma discussão e entenda como se dá o processo. Na ausência de audição ao outro, surge o berro e depois deste a acusação mútua. é isto que se tem visto no debate entre a naturalização do comportamento homossexual e a limitação na concessão de direitos aos mesmos. Lembrando que o debate se dá em decorrência do direito que cristãos arrogam para si de manterem suas consciência e o dogma de que o comportamento em apreço é pecaminoso.
A histeria se vê na ligação entre a luta pela equiparação de direitos por parte de homossexuais, e a destruição da cultura judaico cristã. É igualmente vista na rotulação de fascista, nazista e outras falácias, aos que nao anuem à ideia de que o mundo tem de se abrir para a aceitações pública e irrestrita do comportamento homossexual (o que repito, não seria problema algum desde que para tal não fosse necessária a legislação do Estado sobre o pensamento alheio). Tocando em miúdos: não preciso achar que a homossexualidade é boa, ou normativa, para agir com justiça com um homossexual, e reconhecer os direitos civis do mesmo.
É isto que tem de ficar claro. O fato de não suportar a fumaça do cigarro não significa que eu seja alguém devotado à morte dos fumantes. Simples assim. Mas um fator do extremismo é a incapacidade de ouvir. E crentes e descrentes, cristãos e homossexuais precisam ouvir uns aos outros e se perguntarem o que fazer para chegar a um acordo, visto que independente de religião e convicções culturais existe a necessidade de coexistir socialmente.
Forte Abraço, Marcelo Medeiros.