Partindo do que já foi afirmado neste estudo é possível afirmar que dentre os objetivos do Gênesis pode-se elencar os seguintes: 1) conferir sabedoria para a salvação (II Tm 3. 14, 15), 2) educar o homem em justiça (II Tm 3. 16, 17), 3) produzir esperança (Rm 15. 4), e 4) produzir fé (Rm 10. 17; Hb 11. 3). Em outras palavras embora seja um retrato fiel da criação o livro em apreço não é de teor científico. Tanto que seu conteúdo pode ser acessado somente por fé.
Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente (Hb 11. 3 ACF). É impossível permanecer na verdade sem prévia compreensão, o que demanda crença. Como disse o próprio Senhor no livro de Isaías: se não o crerdes, certamente não haveis de permanecer (Is 7. 9 ACF).
I) O CRIACIONISMO BÍBLICO, CONSIDERAÇÕES
Para os sábios do período e pré-exílico e interbíblico, a criação revela de Deus de forma inequívoca. O salmista declara:
Os céus contam a glória de Deus, e o firmamento proclama a obra de suas mãos. O dia entrega mensagem a outro dia e a noite a faz conhcer a outra noite. Não há termos, não há palavras, nenhuma voz que deles se ouça, e por toda a terra sua linha aparece e até os confins do mundo a sua linguagem (Sl 19. 2 - 5a [19. 1 - 4] Bíblia de Jerusalém).
Já o sábio assevera:
Sim, naturalmente vãos foram todos os homens que ignoraram a Deus e que, partindo dos bens visíveis, não foram capazes de conhecer Aquele que é, e nem considerando as obras, de reconhcer o Artífice. Se fascinados por sua beleza os tomaram por deuses, aprendam quanto lhes é superior o Senhor dessas coisas. E se os assombrou sua força e atividade, calculem quanto mais poderoso é Aquele que as formou (Sab 13. 1, 3 - 5 Bíblia de Jerusalém).
E Paulo, diz:
o que se pode conhecer de Deus é manifesto entre eles, pois Deus lho revelou. Sua realidade invisível - seu eterno poder e sua divindade - tornou-se inteligivel desde a criação do mundo, através das criaturas (Rm 1. 19, 20 Bíblia de Jerusalém).
O que estes textos estão dizendo é que a despeito do grau de mistério em Deus, é possível conhecê-lo por meio da sua criação. Este conhecimento é analógico, mas permite una percepção do poder eterno e da divindade divina. Em outras palavras o visível faz clara manifestação do invisível. O criacionismo bíblico mais do que se perder em uma disputa de teor cosmológico, confere propósito à criação. E o propósito da criação é a glória de Deus conforme visto (Sl 19. 1).
II) A CRIAÇÃO DO TEMPO, MATÉRIA E ESPAÇO
Toda realidade circundante é conhecida por meio destas propriedades: o tempo, a matéria e o espaço. O primeiro é a medida de duração dos seres sujeitos à mudança da sua substância ou a mudanças acidentais e sucessivas da sua natureza, apreciáveis pelos sentidos orgânicos. Em outras palavras, tempo é uma medida perceptivel aos homens por meio da mudança ocorrida na matéria.
A criação do tempo é consolidade por meio da mudança: houve uma tarde e uma manhã: primeiro dia (Gn 1. 5 Bíblia de Jerusalém). E novamente consolidado com a criação dos luzeiros, quando Deus disse: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos (Gn 1. 14 ACF). Aqui a mudança passa a ser sinalizada por meio de elementos da criação, neste caso, o sol e a lua.
Ao criar a matéria, Deus criou o tempo. Ora a terra estava vazia e vaga e trevas cobriam o abismo, e um sopro de Deus agitava a superfície das águas (Gn 1. 2 Bíblia de Jerusalém). A matéria aqui é representada pela presença da terra, e da água. Matéria é tudo o que compõe os corpos físicos, no caso da água, hidrogênio e oxigênio.
Já o espaço é: uma extensão tridimensional ilimitada ou infinitamente grande, que contém todos os seres e coisas e é campo de todos os eventos. Diz-se que ele é tridimensional por ser constituído de altura, largura e profundidade. Perceba que o texto diz: a terra estava vazia e vaga e trevas cobriam o abismo, e um sopro de Deus agitava a superfície das águas (Gn 1. 2 Bíblia de Jerusalém). Com isto o texto está dizendo que:
- O espaço conhecido por terra estava vazio, ou seja não estava ocupado.
- O abismo revela a noção de profundidade.
- A ação do Espírito (palavra equivalente a sopro), se dá na altura, ou seja na superfície das águas.
- Embora não limitado ao espaço e ao tempo, Deus age em ambos.
Tempo, espaço e matéria são também marcas do Deus triúno. Esta é a percepção do professor Adauto Lourenço. O tempo é divido em passado, presente e futuro (marcas do Deus triuno?). O espaço, conforme visto é dividido em altura,largura e profundidade. E a matéria? Ela existe no estado líquido, sólido, ou gasoso.
III) A CRIAÇÃO DA LUZ
Um dos maiores embaraços com os quais os crentes tiveram de lidar ao longo dos anos foi ter de explicar a existência da luz independente da criação dos astros, uma vez que de acordo com o relato do Gênesis, a luz foi criada no primeiro dia, a vegetação no terceiro dia e somente no quarto dia foram criados os astros.
O professor Adauto Lourenço apresenta aqui duas explicações. A primeira: Deus criou todas as coisas para que fossem mantidas e sustentadas por ele. Ou como afirmado corretamente no livro de Jó: estendeu o setentrião sobre o vazio e suspendeu a terra sobre o nada (Jó 26. 7 Bíblia de Jerusalém). Em outras palavras: Deus sustenta a terra sobre o vazio. Este mesmo Deus é poderoso para fazer com que haja luz e vegetação sem astros.
A segunda explicação é que para o professor em apreço esta referida luz é proveniente de uma radiação chamada radiação cósmica de fundo em micro-ondas. Ela descoberta por Arno Penzias e Robert Woodron Wilson dos laboratórios Bell Telephone. Ela consotitui uma evidência científica. O problema é que cedo ela foi associada à teoria do Bog Band (esta sim aberta à discussão visto ser uma interpretação dos dados). Todavia é possível pensar em luz antes da criação das estrelas.
IV) A CRIAÇÃO EM SI
A esta altura do estudo, possivelmente o leitor tenha feito a seguinte indagação: por que o criacionismo, ao invés da evolução? a pergunta pode ser respondida por meio das palavras de Sir James no clássico o Evangelho mal trapilho, que segue abaixo:
Sir James Jeans, o famoso
astrônomo britânico disse certa vez: “o universo parece ter sido desenhado por
um matemático puro”. Joseph Campbell escreveu também sobre “a intuição de uma
ordem cósmica matematicamente definível”. Contemplando a ordem da Terra, do
Sistema Solar e do Universo estelar cientistas e estudiosos concluíram que o
grande projetista não deixou nada para o acaso.A inclinação da terra, por
exemplo, de 23 graus, produz as nossas estações. Os cientistas dizem-nos que,
se a terra não tivesse a inclinação que tem, os vapores dos oceanos
mover-se-iam para norte e sul cobrindo os continentes de gelo. Se a lua estivesse a 80 mil
quilômetros da terra, em vez de 320 mil, as marés seriam tão enormes que todos
os continentes seriam submergidos pela água – até as montanhas seriam afetadas
pela erosão. Se a crosta terrestre fosse
apenas três metros mais grossa, não haveria oxigênio, e sem ele toda vida
animal morreria. Se os oceanos fossem uns poucos
metros mais profundos, o dióxido de carbono e o oxigênio teriam sido absorvidos
e nenhuma vida vegetal poderia existir. O peso da terra estimado em seis
sextilhões de toneladas (isto é um seis seguido de vinte e um zeros). Ela tem,
ainda assim, um equilíbrio perfeito, e gira com facilidade em torno do seu
eixo. Ela revolve diariamente à razão de mais de mil e seiscentos quilômetros
por hora, ou quarenta mil quilômetros por dia. Num ano isto dá mais de catorze
milhões de quilômetros. Considerando o extraordinário peso de seis sextilhões
de toneladas, girando a essa fantástica velocidade ao redor do seu eixo
invisível, as palavras de Jó 26. 7 assumem significado sem paralelo: “Ele ...
faz pairar a terra sobre o nada”. Jó nos convida ainda a meditar
sobre “as maravilhas de Deus” (Jó 37. 14). Considere o sol. Cada metro quadrado
da superfície do sol emite constantemente um nível de energia de cento e trinta
mil cavalos força (isto é aproximadamente 450 motores de oito cilindros [...]. Ainda assim o sol é apenas uma
estrela menor nos cem bilhões de astros que compõem a nossa via Láctea [...]
quando tentamos apreender mentalmente as quase incontáveis estrelas e outros
corpos celestes, encontrados na nossa Via Láctea, apenas, somos levados a ecoar
o hino de louvor de Isaías ao poderoso criador: “Levantai ao alto os olhos e
vede. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair o seu exercito de estrelas,
todas bem contadas, as quais ele chama pelo nome, por ser ele grande em força e
forte em poder, nem uma só vem a faltar (MANNING, 2005).
Perceba a impressionante harmonia na criação. De forma que a mesma não é nem pode ser fruto do acaso. Saudações fraternas em Cristo Jesus, Marcelo Medeiros.
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