Temos
afirmado, ao longo desta série de estudos,sobre a vida de Elias, que Deus feriu
a casa real, por meio de oráculos proféticos (I Rs 14. 2 - 8; 16. 1 - 8; II Cr
19. 2), No tempo de Elias, Deus fere o povo por meio de uma seca. A primeira
palavra que Elias profere diante de Acabe, é: Juro pelo nome do Senhor, o
Deus de Israel, a quem sirvo, que não cairá orvalho nem chuva nos anos
seguintes, exceto mediante a minha palavra (I Rs 17. 1 NVI). Neste período
o povo está comprometido com o culto a Baal בַּ֥עַל (Ba'al). Conforme temos visto durante os estudos
que temos feito sobre a vida e trajetória de Elias, o nome Baal בַּ֥עַל (Ba'al), faz referência a uma
divndade cananéia, a quem era atribuída
o poder sobre a chuva e a responsabilidade pela fertilidade em Israel.
Sob este
aspecto a seca profetizada por Elias tem as seguintes finalidades:
1. Estabelecer a verdade de que é
Deus quem controla o clima.
2. Comprovar que Baal בַּ֥עַל
(Ba'al) não é Deus e nem controla o clima.
3. Fazer o povo retornar aos termos
da Aliança.
Neste
estudo estaremos abordando a seca que ocorreu em Israel no tempo de Elias e a
finalidade religiosa e teológica da mesma.
A chuva no contexto da Aliança
Atentemos
para o texto:
A terra
da qual vocês vão tomar posse não é como a terra do Egito, de onde vocês vieram
e onde plantavam as sementes e tinham que fazer a irrigação a pé, como numa
horta. Mas a terra em que vocês, atravessando o Jordão, vão entrar para dela
tomar posse, é terra de montes e vales, que bebe chuva do céu. É uma terra da
qual o Senhor, o seu Deus, cuida; os olhos do Senhor, do seu Deus, estão
continuamente sobre ela, do início ao fim do ano. Portanto, se vocês obedecerem
fielmente aos mandamentos que hoje lhes dou, amando o Senhor, o seu Deus, e
servindo-o de todo o coração e de toda a alma, então, no devido tempo, enviarei
chuva sobre a sua terra, chuva de outono e de primavera, para que vocês
recolham o seu cereal, e tenham vinho novo e azeite.
Ela dará
pasto nos campos para os seus rebanhos, e quanto a vocês, terão o que comer e
ficarão satisfeitos. Por isso, tenham cuidado para não serem enganados e
levados a desviar-se para adorar outros deuses e a prostrar-se perante eles.
Caso contrário, a ira do Senhor se acenderá contra vocês e ele fechará o céu
para que não chova e para que a terra nada produza e assim vocês logo
desaparecerão da boa terra que o Senhor lhes está dando (Dt 11. 10 - 17 NVI).
Atente
para as informações:
- A terra santa não é similar ao Egito. Neste país se podia contar sempre, ou quase sempre com as cheias do Nilo, para irrigar as sementes,algo que não ocorria na terra prometida.
- Ao que podemos entender do texto acima, na terra santa a irrigação se dava mediante o acúmulo das águas nas encostas dos montes.
- Outro fator a ser devidamente ressaltado, é o cuidado de Deus com a terra. O texto afirma que Canaã é uma terra da qual o Senhor, o seu Deus, cuida; os olhos do Senhor, do seu Deus, estão continuamente sobre ela, do início ao fim do ano.
- Se Israel servir ao Senhor de todo o coração, Deus enviará chuva sobre a terra. E dadas as condições geográficas da mesma, as duas chuvas mais importantes são chuva de outono e de primavera. É por meio destas que o cereal é garantido.
- A chuva de outono, ou chuva temporã, é também chamada, no texto bíblico מְטַֽר־אַרְצְכֶ֛ם (mored yored). Ao passo que a chuva seródia é chamada de מַלְקֹ֑ושׁ (malkoshi).
- O termo מְטַֽר (mored) pode ser traduzido como chuva, e o é no seguinte texto: Ele diz à neve: Caia sobre a terra, e à chuva [מִטְרֹ֥]: Seja um forte aguaceiro [גֶ֗שֶׁם] (Jó 37. 6 NVI).
- Neste mesmo texto, aparece o termo גֶ֗שֶׁם (geshem), cujo sentido é o de forte aguaceiro (Jó 37. 6), dilúvio mesmo (Gn 7. 12; 8. 2), podendo ser também traduzido como chuva, como ocorre em I Rs 17. 7, ou chuva pesada (I Rs 18. 41). Ao que tudo nos indica também é necessária para a produção de mantimentos na terra. Pelo menos é o que Jeremias dá a entender quando afirma: A terra nada produziu, porque não houve chuva [גֶ֗שֶׁם]; e os lavradores, decepcionados, cobrem a cabeça (Jr 14. 4 NVI).
- Ao que tudo indica a chuva de primavera era esperada, tanto que Jó pode comparar sua presença com a mesma. Esperavam por mim como quem espera por uma chuvarada, e bebiam minhas palavras como quem bebe a chuva da primavera [מַלְקֹֽושׁ] (Jó 29. 23 NVI). De igual modo, a alegria no rosto do rei é sinal de vida; seu favor é como nuvem de chuva na primavera [מַלְקֹֽושׁ] (Pv 16. 15 NVI).
- Para todos os efeitos tais chuvas são vindicadas pelo profetismo tardio como fenômenos cujo controle exclusivo cabe a Deus. Tanto a מַלְקֹ֑ושׁ (malkoshi), quanto a מְטַֽר (mored). Peça ao Senhor a chuva de primavera, pois, é o Senhor quem faz o trovão, quem manda a chuva e lhes dá as plantas do campo (Zc 10. 1 NVI).
- Para que a benção de Deus esteja continuamente sobre Israel, o povo deve guardar-se de ser enganado pelos cultos idolátricos da época.
- Do contrário, a ira do Senhor se acenderá contra vocês e ele fechará o céu para que não chova e para que a terra nada produza e assim vocês logo desaparecerão da boa terra que o Senhor lhes está dando.
- O que nos conduz à reflexão a respeito do próximo tópico.
A seca no contexto da Aliança
se vocês não me ouvirem e não colocarem em prática todos esses mandamentos, e desprezarem os meus decretos, rejeitarem as minhas ordenanças, deixarem de colocar em prática todos os meus mandamentos e forem infiéis à minha aliança, [...] Eu lhes quebrarei o orgulho rebelde e farei que o céu sobre vocês fique como ferro e a terra de vocês fique como bronze. A força de vocês será gasta em vão, porque a terra não lhes dará colheita, nem as árvores da terra lhes darão fruto (Lv 20. 14, 15, 19, 20 NVI).
- No contexto bíblico a seca é produto da desobediência do povo. Isto porque o Deus de Israel é quem controla o clima e como tal ele exige obediência do seu povo.
- A seca é descrita como uma forma de quebrar o orgulho do povo impenitente.
- Por falta de chuvas o trabalho do povo se torna improdutivo.
- A seca foi de tal magnitude que incomodou o Rei de Israel (I Rs 18. 5).
A mensagem de Elias para o nosso tempo
Deus é o controlador dos elementos climáticos. Este é a mensagem que vai ser corroborada no profetismo (Zc 10. 1), e confirmada nos Evangelhos (Mt 5. 45), bem como no querigma apostólico (At 14. 17).
O cerne
da idolatria está em atribuir à criatura aquilo que é obra de Deus, e neste
aspecto o povo de Israel pecou.
Como
consequência dos seus pecados Deus lhes enviou juízo pelas suas mas ações.
A
despeito do justo juízo, houve provisão para Elias (I Rs 17. 2 - 9) e para os
profetas que Obadias escondeu (I Rs 18. 4). Assim, temos aqui o fiel cumprimento da palavra de Deus que afirma: O Senhor cuida da vida dos íntegros, e a herança deles permanecerá para sempre. Em tempos de adversidade não ficarão decepcionados; em dias de fome desfrutarão fartura (Sl 37. 18, 19 NVI).
Que a vida de Elias seja fonte de ensino para as nossas vidas.
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.
Que a vida de Elias seja fonte de ensino para as nossas vidas.
Em Cristo, Pr Marcelo Medeiros.
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