INTRODUÇÃO
Amós o profeta, natural de Técoa, aldeia situada há dezesseis quilômetros ao sul de Jerusalém. Este não deve ser confundido com o seu heterônimo Amoz, pai de Isaías. No hebraico são nomes distintos. A despeito de em nossa língua diferirem por uma única letra, a verdade é que o significado de ambos é distinto. No caso do nosso profeta, o sentido do nome é carregador de fardos, o que indica a sua origem humilde.
A maioria dos autores concordam que este profeta é de extrema singularidade tanto pelo estilo quanto pela origem. Não é natural das escolas de profetas existentes na época (II Rs 2. 3, 5, 7, 15 etc..) e muito menos da nobreza como Isaías (COLEMAN, 2007; MACARTHUR, 2010). Ele afirma respeito de si mesmo: Eu não sou profeta nem pertenço a nenhum grupo de profetas, apenas cuido do gado e faço colheita de figos silvestres. Mas o SENHOR me tirou do serviço junto ao rebanho e me disse: Vá, profetize a Israel, o meu povo (Am 7. 14, 15 Nova Versão Internacional).
Esta menção é de suma importância visto que Amós profetiza no Reino de Israel, mas é oriundo de Judá, reinos que viveram a maior parte do tempo em rivalidade. Outro fator que torna necessária, por parte de Amós, a revelação de sua origem humilde, é que em Israel era comum que profetas fossem contratados para agradar o rei que os contratava (I Rs 22. 13), e como a maioria dos profetas que se opuseram aos reis de Israel eram de Judá, sempre havia suspeita de que a mensagem destes não era isenta.
ESTILO
Amós é profeta que mais faz uso de imagens campestres, deixando claro em seus escritos a sua origem. Para se referir ao dia do Senhor, por exemplo, ele faz menção a animais como: leão, urso e cobra.
Ai de vocês que anseiam pelo dia do SENHOR! O que pensam vocês do dia do SENHOR? Será dia de trevas, não de luz. Será como se um homem fugisse de um leão, e encontrasse um urso; como alguém que entrasse em sua casa e, encostando a mão na parede, fosse picado por uma serpente (Am 5. 18, 19 NVI).
É o livro no qual mais ocorrem os termos justiça (sadik – צֶדֶּק), e direito (mispat – םִשְפָט). O povo é constantemente acusado de perverter o juízo e a justiça (Am 2. 6, 7; 3. 10; 5. 7 – 24). É dentre os profetas o que mais recorre ao aspecto social da aliança. Tanto que, para os que advogam a Teologia Latino Americana ele é o mais estimado dos profetas.
Mas convém entendermos algo que geralmente escapa a esta classe de teólogos. Os profetas Hebreus estavam longe de entender que o povo deveria assumir o poder. O que eles queriam era a fidelidade do povo à aliança. Era a aliança que determinava a justiça no trato com os pobres (Dt 15. 1 – 12).
Daí o fato de tanto Amós quanto os demais profetas falarem a respeito da justiça aos pobres e oprimidos como sendo a verdadeira adoração requerida por Iahweh. Não há aqui um único traço de inovação, muito menos o projeto de construção de uma sociedade comunista, mas um grito por retorno aos termos do pacto celebrado no Sinai.
É no código do Sinai que vemos as primeiras recomendações a que se trate a viúva, o oprimido com justiça, ou seja, que se estabeleça o direito. É na lei que se encontra a Base para os protestos. John Stott acreditava que a mensagem dos profetas era original, ao passo que Douglas Sttuart e Gordon Fee acreditam que não. É com a opinião destes que eu fico.
MENSAGEM
A mensagem de Amós tem na justiça social o seu foco vejamos:
1. O profeta esbraveja contra a inversão valorativa do povo de Deus, perceptível no ódio que o povo manifesta contra quem defende a justiça e fala a verdade.
Vocês estão transformando o direito em amargura e atirando a justiça ao chão, vocês odeiam aquele que defende a justiça no tribunal e detestam aquele que conta a verdade (Am 5. 7, 10 NVI).
2. O profeta denuncia aqui a opressão, claramente vista nas altas taxas tributárias e no uso dos tributos para o luxo e ostentação de uma classe opressora. Tais discrepâncias aumentam as dores do justo.
Vocês pisam no pobre e o forçam a dar-lhes o trigo. Por isso, embora vocês tenham construído mansões de pedra, nelas não morarão; embora tenham plantado vinhas verdejantes, não beberão do seu vinho. (....) Vocês oprimem o justo, recebem suborno e impedem que se faça justiça ao pobre nos tribunais (Am 5. 11, 12 NVI).
3. Até o tempo de Amós, havia em Israel a firme expectativa de um dia no qual Deus julgaria as nações e as submeteria a Israel. Amós profetiza no intuito de esclarecer ao povo que tal não se dará assim. Para os que não atentarem para a mensagem do profeta, o dia do Senhor virá, e este será em forma de juízo que começará com o povo eleito.
Ai de vocês que anseiam pelo dia do SENHOR! O que pensam vocês do dia do SENHOR? Será dia de trevas, não de luz. Será como se um homem fugisse de um leão, e encontrasse um urso; como alguém que entrasse em sua casa e, encostando a mão na parede, fosse picado por uma serpente. O dia do SENHOR será de trevas e não de luz. Uma escuridão total, sem um raio de claridade (Am 5. 18 – 20 NVI).
4. É neste ponto que o profeta afirma que o culto terá aceitação única e exclusivamente se for acompanhado de justiça.
Eu odeio e desprezo as suas festas religiosas; não suporto as suas assembleias solenes.
Mesmo que vocês me tragam holocaustos e ofertas de cereal, isso não me agradará. Mesmo que me tragam as melhores ofertas de comunhão, não darei a menor atenção a elas. Afastem de mim o som das suas canções e a música das suas liras. Em vez disso, corra a retidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene! (Am 5. 21 – 24 NVI).
5. Convém ressaltar que neste aspecto o profeta é acompanhado por Isaías (Is 1. 12 – 17); Miquéias (Mq 6. 8) entre outros profetas.
A LIÇÃO
Uma das mais brilhantes percepções da teologia atual é a verdade de que Deus é justo e justificador. De acordo com Stott (1997), Deus, o Deus da Bíblia, é tanto o justificador do pecador, quanto o justo juiz que ama a justiça. Tendemos a ter o conhecimento de apenas um dos aspectos, ou de ignorá-los totalmente. Uma leitura integral da Santa Palavra de Deus no coloca em contato com um Deus que é "justo e justificador daquele que tem a fé em Jesus" (Rm 3. 26).
Se olharmos exclusivamente para o Deus justificador nos esquecemos da exigência de uma vida que manifeste a fé por meio de obras de auxílio mútuo (Tg 1. 25 – 27; 2. 14 – 26). Se nos esquecemos do Deus que justifica o que tem a fé em Jesus, corremos o risco de levar ao pé da letra e confundir evangelho com mais uma forma de assistencialismo.
Como Deus justo, a Bíblia o descreve assim: Ele defende a causa dos oprimidos e dá alimento aos famintos. O Senhor liberta os presos, o Senhor dá vista aos cegos, o Senhor levanta os abatidos, o Senhor ama os justos. O Senhor protege o estrangeiro e sustém o órfão e a viúva, mas frustra o propósito dos ímpios (Sl 146. 7 – 9 NVI).
Como justificador ele nos alcança com a sua graça e nos fortalece para a realização das obras de justiça que de antemão preparou para que andássemos nelas. Para Kivtz (2006), a pergunta determinante que resume a experiência espiritual cristã é esta: tendo recebido a Jesus como salvador pessoal, e o perdão dos seus pecados, que tipo de gente você se tornou? (KIVTZ).
Que este blog se torne benção para todos aquele que leem , amam e guardam a palavra de Deus. Para mim após ler este texto já é benção!!!
ResponderExcluirLúbia Medeiros