Uma das questões que tem me incomodado profundamente é a recorrente fala de que precisamos votar neste, ou naquele candidato porque o Brasil precisa de medidas enérgicas no combate à corrupção, ou ao crime organizado. Acontece que não existem soluções simples para problemas complexos, nem respostas imediatas para questões históricas. Isto posto passo ao objetivo do presente post, que é o d explicar o que é a democracia.
O leitor possivelmente esteja se perguntando: mas precisamos de um artigo de Blog que explique o que é a democracia? Ao que respondo: precisamos. e nas linhas subsequentes deixarei claro o porquê. Todos sabemos que a democracia foi um regime que surgiu na Grécia Antiga, o que nos escapa é que ela era exercida pelos homens livres (mulheres, escravos e artesãos não participavam das assembleias).
Não sou defensor deste modelo de democracia, mas aprendo algo demasiadamente óbvio aqui. Primeiro sem participação popular nas tomadas de decisões não existe verdadeira democracia. Segundo, somente os que dispõe de tempo conseguiam participar ativamente do processo de discussão nas assembleias. Terceiro falar na ágora demandava o mínimo de conhecimentos e habilidade retórica, o que somente a educação poderia conferir, daí a ascensão dos sofistas e dos filósofos como instrutores na Grécia antiga. De igual modo a participação no processo político atual demanda que se saiba como se expressar politicamente.
Por último, tanto a educação quanto o desenvolvimento da arte retórica demandam ócio, e creio que em tempos tão agitados aqui se encontre o maior inimigo da democracia. Há mais de dez anos atrás foram lançados os Parâmetros Curriculares do Ensino fundamental e um dos objetivos gerais do mesmo era a instrumentalização das disciplinas dos ciclos com vistas à construção da cidadania, algo que não se efetivou.
As redes sociais trouxeram a possibilidade de que os brasileiros participassem de forma mais efetiva na democracia. Mas a persistência de uma política polarizada trouxe à tona uma herança nefasta da má educação. É visível a incapacidade de propor algo, no lugar de escolher entre polos opostos. Fato é que ser cidadão é muito mais do que votar neste, ou naquele candidato esperando que uma vez eleito o próprio resolva todos os problemas do país, principalmente se for o caso de corrupção, que não s resume às ações que amealham ou vilipendiam o erário público.
Ser parte de um sistema democrático é assumir seu papel como protagonista no processo. Consiste em saber discutir, dialogar, lidar com o contraditório, fazer acordos e chegar a um consenso. Mas pela polarização que vejo estamos todos nós bem distantes disto. Em parte por conta da educação, em parte por conta de uma postura monárquica, em que todos se vêem como súditos de um soberano.
Marcelo Medeiros.
Ótimo texto, Marcelo!Parabéns!Orgulho de ter tido vc como aluno!
ResponderExcluirMeu muito obrigado professora.
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