Não sei se vocês sabem mas sofro a influência de
ambos, tanto do coral quanto dos grupos de cântico congregacional. Quando
pequeno minha avó me levava para o ensaio do coral da igreja as 15 horas e
algumas vezes dormia até o horário do culto da noite. Assim fui marcado pela
cultura de canto coral.
Na pré-adolescência fiz aulas de canto coral com a
professora Ana Campelo (hoje maestrina do coro Eclésia na primeira igreja
Batista do Rio de janeiro), o que me levou a participar da gravação de um
comercial que falava das garantias dos direitos de menores com a boca
constituição. Isto se deu em 88.
Na juventude cantei nos corais da UFRJ e PUC. Assim
que cheguei na assembleia de Deus em cidade nova assumi a regência do coral.
Três anos após entreguei o cargo, voltando recentemente à convite do meu
pastor. O trabalho pode ser acompanhado em vídeos no Facebook. Nós livros de II
Sm e I Cr é a forma pela qual o louvor no santuário era ministrado. Foi na
década de oitenta que vi a emergência de uma nova forma de ministração nas
denominações templo/igreja.
O mais curioso é que na época um coro representava a
elite evangélica. Os chamados ministros de louvor resgataram o cântico
congregacional através de canções à uma só voz. Asaph Borba, Benedito Carlos
Gomes, Alda Célia, Ludmila Ferber são alguns dos nomes que constavam nas
primeiras comunidades. Eram grupos que emergiam com uma nova proposta, qual? A
de uma vida de culto e adoração centrada não mais no templo, mas na comunidade.
Canções como canto de vitória, nosso louvor, fruto dos
lábios e tantas outras reverberaram nas vozes de um grupo homogêneo. A
diferença deste grupo era que além de cantar eles ministravam uma mensagem
bíblica, que fundamentava os cânticos. Nesta época a maioria dos cânticos
compostos traziam entre parênteses a base bíblica.
Com o crescimento da indústria gospel, estes cânticos
foram perdendo em qualidade. Já não interessava mais às gravadoras canções como
Pão da Vida, Graça e outras. Letras deram lugar ao balanço e aí a situação se
agravou. Na minha denominação, raros são os jovens que entenderam a motivação e
aplicaram corretamente o conceito à liturgia. Assim coral deficiente deu lugar
a grupos ruins. Hoje a noção de louvor bíblico (do cântico como instrumento
didático e pedagógico para transmissão da doutrina), basicamente se perdeu. O
culto virou entretenimento.
Não se busca, nem escolhe uma música por conta da
mensagem que ela tenha, da função litúrgica que ela possa exercer, mas por
conta do gosto dos ministrantes, em regra um horror. Gente que deveria ouvir
Asaph Borba, Ademar de Campos, Cláudio Claro, para aprender o que de fato é
ministrar.
Tal quadro reflete o distanciamento da religiosidade cristã em relação à herança bíblica. O caminho de volta é bem longo, visto que mais do que treinamento, demanda conscientização, mas acreditar é a única alternativa.
Marcelo Medeiros, boa tarde.
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