A polêmica em relação ao grupo Gaudiadores do altar segue firme nas redes sociais, criando frenesi e falsas dicotomias. Primeiro, por conta de um trabalho de um cartunista que representou o grupo por meio de uma charge onde um membro deste aparece com um escudo e cravando uma espada em uma frequentadora de culto afro [leia aqui].
Já expressei neste espaço o meu ceticismo com relação a este modo de interpretar esta milícia. O extermínio em massa de umbandistas e candomblecistas acabariam com o público em potencial desta denominação os ex fraquentadores, e retiraria parte da identidade da mesma, que foi forjada a partir de uma antítese a estas religiões [aqui].
Gostaria de ressaltar que, o clima de mistério em torno do propósito deste grupo tem dado margem a especulações mais diversas que vão desde uma tentativa de criação de um estado paralelo antidemocrático, à formação de uma milícia eclesiástica (diga-se de passagem que não concordo com nenhuma das duas opiniões, mas discordo igualmente do caráter secreto, oculto deste grupo).
Um segundo ponto é que tenho visto com frequência cartazes de pedidos de volta da ditadura. O que isto tem a ver com o tema proposto no presente post? Simples, ao que parece uma parcela significativa da população ainda nutre profunda admiração por militarismo, e o incorpora às praticas eclesiais. Daí minha crença de que se trata de uma forma de atrair um público há muito afastado desta, o jovem.
As promessas de Igreja Universal não coadunam com pessoas de perfil de mais de quarenta anos. É uma fase em que cada vez menos as pessoas acreditem que suas vidas, seus problemas e dilemas serão resolvidos como que por um passe de mágica. Se tem dúvida veja as pessoas que aparecem nos comerciais dizendo eu sou a universal.
Seja como for cresce entre os laicistas a ideia, em parte falaciosa, de que o avanço deste tipo de cristianismo pode vir a resultar nas destruição da laicidade estatal, bem como na criação de uma teocracia nos moldes islâmicos, que por sua vez redundaria em mortes de homossexuais, umbandistas, candomblecistas e ateus [leia aqui].
Partindo do princípio de que habito em mundo no qual as pessoas são capazes de praticar tanto ações boas como idiotices, visualizo más intenções de ambos os lados. Nesta Babilônia ideológica, cristãos autênticos precisam expor com clareza que não estão neste mundo para impor sua religiosidade goela abaixo de ninguém, que são capazes de afirmar a verdade e coexistir pacificamente com quem não acredita em nada do que estes afirmam.
Este é o único caminho que entendo como parte do Evangelho de Cristo, uma vez que neste se lê que são bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus (Mt 5. 9). Em outras palavras ser da paz não significa sacrificar as próprias ideias. Todavia o revanchismo presente tem de ser superado, e a busca sincera pela paz é o caminho. Isto demanda paciência e acima de tudo responder ao mundo de forma diferente da atual.
Em Cristo, Marcelo Medeiros
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