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sábado, 22 de março de 2014

Quem precisa se converter?


Esta pérola de cartaz aparece em comunidade do facebook, cujo nome é Debates Religiosos e Filosóficos. Confesso que ao ver me lembrei daqueles jogos dos sete erros que vinham no jornal de domingo que minha mãe comprava quase que religiosamente. Minha intenção em compartilhar a imagem é bem simples. Nossa tarefa é a de pregar o Evangelho de Deus e de Cristo Jesus. Dentro deste contexto são recorrentes temas como o arrependimento e a conversão (isto se e tão somente se, o pregador, ou evangelista for fiel ao conteúdo do κηρυγμα [kerigma]). Daí a necessidade de se meditar neste cartaz.
Um segundo aspecto que precisa ser observado com urgência é o quanto o Evangelho e religiosidade cristã tem se feito midiática. Daí a recorrência de testemunhos e mais testemunhos a respeito de conversões de pessoas que foram traficantes, drogadas, que mataram e praticaram inúmeros crimes. Nada contra não fosse uma interpretação que está se tornando cada vez mais recorrente no meio evangélico, a de entender que apenas tais pessoas são alvo da graça e da misericórdia de Deus, e que somente estas precisam da experiência da conversão.
Aqui cabe algumas observações. Primeiro, o pecado não se resume ao ato de matar, roubar e ingerir drogas. O assassinato é pecado, visto ser uma transgressão da lei de Deus, e João afirmou: aquele que pratica o pecado transgride a Lei; de fato, o pecado é a transgressão da Lei (I Jo 3. 4 NVI), o mesmo se aplica ao roubo. As drogas são um assunto à parte, visto que não vemos na Bíblia nenhuma proibição quanto ao uso dessubstancias alcoólicas, apenas princípios norteadores, quanto ao uso do vinho, por exemplo. É aqui que o leitor percebe que o conceito de pecado não se limita ao que pode, ou não pode ser feito.
Na Bíblia o pecado vai deste a não aceitação ao Evangelho. Jesus afirmou que não crer nele era pecado (Jo 16. 8), em Paulo, todo ato que não procede de fé é pecado (Rm 14. 22, 23), Salomão afirmou que os pensamentos do tolo são pecado (Pv 24. 9), e que no muito falar não falta transgressão (Pv 10. 19). Estes textos mostram que o pecado é algo muito mais grave do que meras proibições religiosas, e em um debate, ou em um dialogo evangelístico, isto tem de ser colocado.
Segundo, é preciso ver o que é conversão. Neste aspecto os nossos atuais dicionários não nos ajudam, uma vez que eles primam ora, pela mudança ocorrida na química, ora para a mudança de religião. O problema é que quando Deus diz, por meio de um profeta, convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal (Jl 2. 13 ACF), ou converte-te, ó Israel, ao SENHOR teu Deus; porque pelos teus pecados tens caído (Os 14. 1 ACF), o que eles estão pedindo não é uma mudança de religião, ou uma transformação química, mas o retorno à aliança.
O apelo à conversão é muito mais do que o apelo ao abandono das drogas, ou á mudança social, da condição de criminoso á de sujeito socialmente recuperado. Na verdade, para deixar de usar drogas, para deixar de matar, de roubar, sequer é necessário ser crente. O ser crente entra quando a pessoa percebe que não basta deixar de matar, é preciso deixar de odiar, ou melhor não ser orientado pelo ódio nos relacionamentos pessoais, inclusive nas relações com os inimigos.
Qualquer pessoa que tenha lido uma linha mínima de um moralista francês, pode entender que o pecado, tratado por estes filósofos, cujo mais conhecido é Pascal, que a hipocrisia é a essência da natureza humana. Trata-se da constante necessidade que este possui de esconder o que há de vil em sua natureza e de aumentar e potencializar o que há de melhor, e providenciar que tais supostas virtudes sejam conhecidas de todos. Isto é uma forma filosófica de descrever o pecado da hipocrisia. Neste caso a conversão é a volta do homem para o Deus amoroso, que conhece a nossa estrutura e sabe que o pó da terra é a essência humana (Sl 103. 14, 15), é a ruptura para com a lógica de ódio entre a criatura e o criador, e a disposição em viver um novo relacionamento com Deus.
Nos dias atuais o tema da conversão tem de voltar sim às pregações, mas sob a ótica da restauração de relacionamento entre homem e Deus, e a imagem é sim um convite á reflexão a respeito do quão midiático o evangelho tem se tornado, e do quanto o mesmo tem sido reduzido à uma religiosidade de melhora do ser humano C. S. Lewis disse que o fim do Evangelho não é fazer uma humanidade melhor, mas um ser humano totalmente diferente. Esta diferença passa inevitavelmente pela conversão e arrependimento.
 
Marcelo Medeiros, em Cristo

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